Não é novidade usar o crime como metáfora da economia - um encontro entre a oferta e a procura - e é verdade que Dominik força a nota ao colocar a acção de Mata-os Suavemente à beira da eleição de Obama e ao sublinhá-lo a qualquer altura. Mas, apesar disso, a eficiência seca e brutal e a frieza quase calculista do filme é de tal modo acertada para estes tempos que dificilmente cairemos no erro de descartar o novo filme do neo-zelandês como mais um exercício de género pós-Tarantino: sem heroísmos nem gestos grandiosos, o que aqui há é um profissionalismo sujo e quase desalmado que, se não traz nada de novo à paisagem do filme negro, o descarna até ao osso para nada mais restar senão uma lei da sobrevivência animal, matar para não morrer.
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