Num momento em que tanto se fala da qualidade da educação que temos, o novo filme de Tony Kaye aparece como bomba incendiária e mal disposta que pinta o sistema educativo americano como um caos sem redenção possível, onde os nossos confrontos com professores por causa dos telemóveis são ao mesmo tempo brincadeiras de crianças e pão nosso de cada dia. Adrien Brody é Henry Barthes (sim, como Roland), um professor substituto que chega a uma escola-problema, e Kaye, que deu a Edward Norton um dos papéis da sua vida em América Proibida, faz o mesmo pelo actor de O Pianista; o filme é um quebra-cabeças fragmentado à volta da sua tentativa de se manter distante e alheado do mundo, atirando as suas emoções para o interior de cadernos pautados enquanto procura instigar os alunos a pensar e a serem melhores do que são.
Mas é uma luta inglória, tal como a do realizador britânico: tal como a fasquia da vulnerabilidade de Barthes/Brody começa a vacilar a certa altura quando tudo se precipita, também Kaye se perde um pouco na redundância excessiva de alguns formalismos e na formatação “indie-americana” de ter um elenco desmedido de estrelas que pouco ou nada têm para fazer. Contra tudo isso, contudo, ergue-se não só a performance à flor da pele de Brody como o espantoso ambiente de desespero surdo e opressivo que Kaye parece construir quase sem esforço - tornando O Substituto num filme fascinantemente confrontacional que agarra o touro pelos cornos e nos obriga a pensar no mundo em que vivemos.