Governo da Colômbia e FARC formalizam início de processo de paz na Noruega

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Iván Márquez disse que o objectivo das negociações é alcançar “uma paz estável e duradoura”. Jorgen Braastad/AFP

As negociações poderão pôr fim ao conflito entre as autoridades colombianas e a guerrilha que já se prolonga há meio século. Numa declaração conjunta, ambas as partes garantiram estar empenhadas “na criação de uma plataforma de diálogo” que leve a “uma paz estável e duradoura”.

As negociações, que começaram a ser preparadas em Fevereiro, em Havana, não foram precedidas de um cessar-fogo, e o líder da delegação do Governo colombiano, o antigo vice-presidente Humberto de la Calle, adiantou em Hurdal, a Norte de Oslo que “não se irá falar de um cessar-fogo antes da conclusão do processo de paz”. Em negociações anteriores – as últimas ocorreram em 2002 –, as FARC foram acusadas de aproveitar as tréguas para reforçar a sua posição.

Iván Márquez, o número dois das FARC e o seu principal representante nestas negociações, garantiu que a guerrilha chegou à Noruega “com um ramo de oliveira na mão” e que o objectivo é alcançar “uma paz estável e duradoura”.

As negociações iniciaram-se formalmente com uma conferência de imprensa em que participaram também intermediários da Noruega e de Cuba e irão centrar-se agora em temas como o fim do conflito armado, a questão das terras, a participação política dos guerrilheiros das FARC, o narcotráfico e os direitos das vítimas do conflito.

“Este é um momento de esperança”, adiantou Humberto de la Calle. “Este processo terá sucesso se for sério, realista e eficiente.”

As negociações contemplam três fases, tendo a primeira consistido na preparação do encontro na Noruega, que dá início a uma etapa de conversações com vista à terceira fase, que será o estabelecimento de um acordo par pôr fim ao conflito armado, o que ainda deverá demorar alguns meses.

O início das negociações chegou a estar marcado para o princípio desta semana, mas acabou por ser adiado para que fosse suspenso o mandato de captura internacional contra representantes das FARC. A guerrilha tem hoje cerca de 9000 membros, mantém a sua influência em várias áreas rurais mas está hoje militarmente enfraquecida. Perdeu três líderes nos últimos anos – Manuel Marulanda morreu de ataque cardíaco e Raul Reyes foi morto num ataque das forças colombianas já para lá da fronteira com o Equador, em 2008. Já em 2011, Alfonso Cano foi morto também numa operação das forças armadas colombianas.
 

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