A ideia é boa? É: o presidente Abraham Lincoln combate não apenas as forças da escravatura, mas também as forças do mal eterno, ou antes, vampiros apostados em tornar os EUA numa nação de vampiros. Mas para que a ideia - saída da cabeça de Seth Grahame-Smith, já responsável por Orgulho e Preconceito e Zombies- resultasse, era preciso que o filme tivesse a pitada de humor suficiente para não se levar demasiado a sério. O cazaque Timur Bekmambetov bem pode regressar ao universo sobrenatural do filme que o revelou - o divertido Guardiões da Noite (2004)- mas fá-lo de modo sisudo e patudo, sem a energia nem a irreverência desse filme, nem sequer conseguindo recuperar a vertigem niilista de Procurado (2008). O que ele aqui faz é apenas um choque frontal preguiçoso, em piloto automático, entre a história americana e o filme de acção, que tomba demasiadas vezes na simples ostentação gratuita da proeza de efeitos visuais (ai a fancaria digital do climáctico descarrilamento). O que daqui sai bem pode trazer o nome de Tim Burton como produtor mas apenas confirma a falta de pontaria do homem de Eduardo Mãos-de-Tesoura nos últimos tempos - e apenas se explica porque foi Grahame-Smith quem lhe escreveu o decepcionante Sombras da Escuridão. Apesar do engenho de pôr as forças do mal a serem proprietáriossulistas que se alimentam do sangue dos escravos (ai a apoplexia dos conservadores americanos), Diário Secreto de um Caçador de Vampiros é uma maçada de todo o tamanho e um desperdício completo do que podia ser um filme xunga divertido.
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