Depois da secura de Shotgun Stories (2007), o perfil público de Jeff Nichols, cineasta, foi sendo engordado pela ânsia e desespero dos que, num cenário em perda, o do cinema adulto “mainstream”, depositaram nele aquilo que o seu cinema provavelmente não aguenta. Cineasta “médio” - serve para perguntar se é essa mediania que faz o espectador sentir-se vingado, reconfortado... Take Shelter começou a mostrar, por exemplo, alguém que não deixa a zona de conforto, com dificuldade em desprender-se de formatos e com dificuldades, até, em afirmar peremptoriamente “Cheguei!”, visto que neste filme até pede emprestada a metafísica a M Night Shyamalan (para além disso, tem-se a sensação de que sempre que se gaba a interpretação de Michael Shanon neste filme se quer dizer que essa evidência serve para compensar o resto...). Para essa zona suspensa que é do não-estilo entra agora Mud, o novo de Nichols, apresentado em competição no Festival de Cannes: a infância, a descoberta do amor (e da decepção), coisa benigna e cândida, como um telefilme de domingo à tarde, não ofende, mas é razoavelmente infantil e totalmente irrelevante.
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