Terraferma define com precisão os limites do cinema de Emanuele Crialese (Respiro): uma incapacidade de escolher entre o melodrama humano e o filme de mensagem. Volta a ser assim neste filme que começa por desenhar a entrada na idade adulta de um jovem pescador, preso entre a vontade de prosseguir o mister do avô e o desejo da mãe de abrir portas com mais futuro, sobre pano de fundo da imigração ilegal de África. Não estão em causa as boas intenções do cineasta, mas o maniqueísmo quase de telenovela com que desenha as suas personagens (vilões de opereta e heróis imaculados) é redutor, simplista e condescendente, subalternizando a sua humanidade a papéis pré-determinados numa pantomima mais que vista que nada traz de estimulante. É tanto mais pena quanto, na história do confronto de Filippo com o mundo real, existem cambiantes e pistas bem interessantes que ficam por explorar em nome da indignação social.
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