Insistimos: é no cinemado Irão que hoje, de forma sistemática, mais se trabalha o “medo”, aquele medo esguio e “all pervasive” (não longe do medo hitchcockiano),capaz de não se dar a ver sequer como “medo”. É a raiz da angústia, reflectida no estar das personagens, na maneira como se mexem, na maneira como falam - e é neste caso a raiz da “separação” (ela quer ir-seembora do Irão, por receios nunca explicitados, ele quer ficar). Mas se Farhadi narra uma separação conjugal, o seu filme trata, nas entrelinhas, de uma outra separação, mais funda. Esta: entre as personagens (o casal e a sua família) que não pronunciam a palavra “Deus” em todo o filme, e (quase) todas as outras, para quem a religião decide todo e qualquer passo. Dois mundos. E quando dois mundos colidem, é sabido, faz medo.
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