Ministro da Economia diz não ter anunciado “o fim da crise”
Em declarações aos jornalistas no final de uma audição no Parlamento, no âmbito do debate na especialidade do Orçamento do Estado de 2012, Álvaro Santos Pereira voltou atrás nas afirmações feitas durante a sessão, onde referiu que o próximo ano marcaria o fim da crise.
“Eu não anunciei o fim da crise, disse apenas que os indicadores mostram que 2012 será o início do fim da crise e que, em 2013, virá a recuperação”, afirmou Álvaro Santos Pereira. O ministro comentou ainda os números divulgados hoje pelo INE, que mostram que a economia contraiu 1,7% no terceiro trimestre, dizendo que “a recessão irá aumentar nos próximos tempos e o desemprego também” e salientando que não interessa ao Governo não fazer uma “política de verdade”.
Questionado pelos jornalistas sobre a partir de que trimestre a economia começará a recuperar, o ministro da Economia não se comprometeu com datas, dizendo que “ninguém pode dizer” qual o trimestre que vai marcar o início da recuperação económica, visto que tal está dependente da evolução da economia internacional.
“Há imponderáveis que não podemos controlar”, avisou Álvaro Santos Pereira, referindo, nomeadamente, que a Europa ainda tem de resolver a crise da dívida e que é preciso ver como irá evoluir a economia mundial.
Santos Pereira comparado a Manuel PinhoApesar de, mais tarde, ter vindo a clarificar a sua afirmação de que 2012 marcaria o fim da crise, Álvaro Santos Pereira não foi poupado a vários comentários dos deputados dos partidos da oposição e, nomeadamente, a uma comparação com o ex-ministro da Economia, Manuel Pinho.
A deputada do Bloco de Esquerda, Mariana Aiveca, disse que Santos Pereira estava a anunciar o fim da crise, como Manuel Pinho fez em Outubro de 2006, ao dizer: “A crise acabou, vive-se um ponto de viragem, e a questão agora é saber quanto é que a economia portuguesa vai crescer”.
Mas o ex-ministro não foi o único a decretar o fim da crise. Em 2009, o então primeiro-ministro José Sócrates também disse, em Agosto, que estávamos perante “o princípio do fim da crise”.