Quem andou pela Queima das Fitas do Porto em 2008, dificilmente esquece a “barraquinha” da Faculdade de Arquitectura (FAUP), que se distinguia de todas as outras pela inovação e design sofisticado. Os cubos luminosos que compunham o projecto de “bar temporário” de Diogo Aguiar e Teresa Otto valeram-lhes o prémio de “Edifício do ano” do ArchDaily em 2010, no mesmo ano em que criaram a marca com que, hoje, assinam os seus projectos de “arquitectura efémera”, a LIKEArchitects.
“Fazemos intervenções pequenas mas com alguma força, com uma postura um bocadinho diferente, para surpreender”, explica Diogo Aguiar. E Teresa Otto contextualiza: “Há um lapso no mercado português, os arquitectos não se dedicam à arquitectura efémera”. Diogo e Teresa tiram partido do facto de serem diferentes. “Se fosse permanente, perdia frescura”.
Experiência não é tudo
Apesar das dificuldades, ser um jovem arquitecto em início de carreira não tem que ser um tormento, garantem. “A coragem para arriscar é determinante”, sublinha Diogo. Os dois arquitectos da FAUP, nascidos no Porto, já estiveram “do outro lado”, numa corrida de entrega de currículos sem resultados, mas não cruzaram os braços, decidiram encarar o “conceito do ateliê como um projecto”, e assim nasceu a marca LIKEArchitects.
Em 2010, juntamente com Cristina Peres e Tiago Rebelo de Andrade, ficaram em segundo lugar no concurso "A House in Luanda: Patio and Pavillion", com quase 600 participantes.
Este tipo de conquistas fazem com que os tempos em que “os jovens arquitectos tinham 50 anos” fiquem para trás e levam a que “a balança se desequilibre um bocado”, a que a experiência deixe de ser o aspecto mais valorizado num arquitecto, explicam.
Para aqueles que batalham no início de carreira, Teresa Otto tem um conselho: “É preciso capacidade de sugerir, de dar ideias”. Até porque, defende, a arquitectura como disciplina está a mudar. “Não tens que fazer só construção.”
Reabilitação urbana abre novos caminhos
É essa a filosofia da LIKEArchitects, que “não é uma empresa, é uma marca” com uma identidade definida. “Há concursos que já são a nossa cara”, conta Diogo.
Ambos tiveram experiências de trabalho no estrangeiro (Diogo esteve no UNStudio em Amesterdão e Teresa colaborou com os arquitectos da RCR, Aranda Pigem Vilalta, em Olot, Espanha) e o nome da marca já foi escolhido tendo em vista a internacionalização.
Para Teresa Otto, está a aproximar-se o que pode ser uma boa oportunidade para os arquitectos em início de carreira: a reabilitação urbana. ”Há tanta coisa que sai do âmbito das grandes construtoras que espero que haja trabalho para nós.”