Para aproveitarem as comemorações do Mês da Arquitectura, os membros do depA (departamento Arquitectura) decidiram lançar a rede e juntar no Centro Comercial Bombarda "trabalhos propostos a concurso por jovens arquitectos nos cinco primeiros anos de actividade profissional".
Carlos Azevedo, membro do colectivo organizador, explica que os concursos acabam por ser "a única maneira possível de começar, quando não se tem clientes". "Achamos que é um campo onde se produzem coisas com muita qualidade na arquitectura, especialmente nesta camada mais jovem, da nossa geração, que tem que fazer um esforço muito grande para conseguir manter-se à tona hoje em dia”, acrescenta.
Horas extra podem compensar
Para se manterem à tona, os jovens arquitectos vêem-se obrigados a “trabalhar mais do que as sete horas laborais dos códigos de trabalho”, explica João Crisóstomo. Mas os frutos desse trabalho pós-laboral podem ser valiosos. Como aconteceu ao depA, que em Março deste ano venceu um concurso internacional com mais de duas centenas de concorrentes, com um projecto para o museu Santiago Ydañez, em Puente de Genáve, Espanha.
Ou com Diogo Aguiar, Teresa Otto (LIKEArchitects), Cristina Peres e Tiago Rebelo de Andrade, que ganharam o segundo prémio num concurso lançado pela Trienal de Arquitectura de Lisboa, no qual participaram 599 concorrentes, com um projecto para a competição "A House in Luanda: Patio and Pavillion", que encorajava os participantes a criarem um protótipo de casa destinada a famílias em situação de grande carência.
“Estamos a mostrar pessoal que está na mesma situação em que nós estamos, a tentar começar e a fazer estes concursos para entrar no mercado. No fundo, é uma necessidade nossa, mas que sentimos que é uma necessidade geracional”, explica o arquitecto Luís Sobral.
On the Run
A exposição pretende ainda lançar a discussão acerca deste modelo de concurso, que apresenta algumas vicissitudes. Carlos Azevedo dá um exemplo: ”Num concurso em que concorrem 200 equipas e há três prémios, há 197 equipas que estiveram a trabalhar bastante tempo e que não vão ter retorno algum”.
João Crisóstomo, Carlos Azevedo e Luís Sobral explicam a três vozes o nome escolhido para a iniciativa: “On the Run porque isto é o início da corrida, o início da vida de arquitecto, e fazer concursos significa começar a entrar na corrida”; “o próprio concurso é também sempre uma corrida”; e, “no fundo, também é um assumir que estamos na corrida”.