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Saleh recusa abandonar o poder se oposição puder concorrer em eleições

“Se aceitarmos a transferência de poder e ficar nas mãos deles isso quer dizer que cedemos a um golpe de Estado”, afirmou o contestado chefe de Estado numa entrevista ao diário norte-americano The Washington Post e à revista Time.

Saleh, que regressou ao Iémen na semana passada após três meses passados em Riade – onde recebeu tratamento a ferimentos sofridos em Junho num ataque ao seu palácio presidencial em Sanaa –, lançou o alerta de que o país pode entrar em conflito aberto caso os seus opositores retenham alguma influência: “Se eles permanecerem nas suas posições, se ainda detiverem algum poder de decisão isso será muito perigoso, levará à guerra civil”.

O Iémen assiste desde meados de Janeiro a um movimento de contestação aos 33 anos de poder autocrático de Saleh, o qual tem vindo a crescer e a aumentar de violência, com algumas unidades do Exército a desertarem para se juntar aos opositores ao regime, os quais contam já também com o apoio armado de alguns chefes tribais. A oposição a Saleh é liderada pelo general Ali Mohsin al-Ahmar, da influente família Ahmar, que declarou a sua adesão à revolta em Março passado.

O Presidente chegou a dar sinais de assentimento a um acordo proposto em Março pelo Conselho de Cooperação do Golfo (que reúne as monarquias árabes da região), visando resolver a actual crise política, mas desde então foi sempre evitando assiná-lo ou pôr em prática as medidas previstas no documento.

Segundo aquela proposta, Saleh deveria transferir efectivamente os poderes presidenciais para o seu número dois, Abdrabuh Mansur Hadi, recebendo em troca imunidade face a eventuais tentativas de ser julgado pela morte de civis durante estes mais de oito meses de convulsão.

Nas entrevistas hoje publicadas, o Presidente iemenita reitera a sua disposição em assinar o acordo e diz que a sua suposta recusa em fazê-lo é um “mal-entendido”.

“Nós estamos prontos a fazê-lo nas próximas horas, nos próximos dias. Não queremos prolongar esta situação, nem queremos que esta crise continue. A transferência de poder é uma certeza, vai acontecer, mais tarde ou mais cedo”, afirmou, fazendo isto depender porém da condição de a coligação da oposição “se aproximar” dos termos que o seu regime exige.

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