Seria um simples livro infantil para pintar, se não tocasse em feridas abertas pelos atentados de 11 de Setembro de 2001. "We Shall Never Forget 9/11” está a gerar controvérsia nos Estados Unidos, pela forma como são referidos os muçulmanos.
O livro chegou às livrarias agora, quando estão prestes a passar dez anos após os atentados que derrubaram as Torres Gémeas de Nova Iorque. O objectivo é contar aos mais novos o que aconteceu naquele dia, enquanto se entretêm a pintar o ex-presidente George W. Bush ou Bin Laden com lápis de cera ou de cor.
Mas o facto de apenas haver referências aos muçulmanos enquanto “extremistas islâmicos que odeiam a liberdade” causou indignação. “É nojento”, considera Dawud Walid, director do Conselho para as Relações Islâmico-Americanas no estado do Michigan.
A organização condenou o conteúdo do livro, onde se pode ler: “Crianças, a verdade é que estes ataques terroristas foram feitos por extremistas islâmicos que odeiam a liberdade. Essa gente louca odeia o estilo de vida americano, porque somos livres e a nossa sociedade é livre”.
A palavra “terrorista” ou “extremista” aparece sempre associada aos muçulmanos, e no livro não há qualquer referência aos muçulmanos que morreram no ataque ou participaram nas operações de emergência, lamenta Walid.
“É idiota pensar que uma criança que pinte o livro e não tenha contacto com muçulmanos fique com alguma coisa que não seja medo, a pensar que os muçulmanos são más pessoas”, adiantou Walid à AFP.
Bin Laden escondido
O episódio da captura de Bin Laden é retratado com o líder da Al-Qaeda junto a uma cama, a refugiar-se por detrás de uma mulher com o rosto coberto pelo véu islâmico, enquanto um membro do grupo de operações especiais norte-americano Seal lhe aponta uma arma.
“Sendo o personagem esquivo que era, e depois de se esconder com os seus companheiros terroristas no Paquistão e Afeganistão, os soldados americanos finalmente localizaram o líder terrorista Osama Bin Laden”, lê-se no texto que acompanha a ilustração.
O livro foi editado pela Really Big Coloring Books – foram feitas dez mil cópias, custa sete dólares – e é apresentado como “uma ferramenta para que os pais possam explicar às crianças o que foi o 11 de Setembro”. A editora responde às críticas ao referir que o livro foi “criado com honestidade, integridade e respeito, sem faltar à verdade”.
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