Ficção científica pousa a sonda no coração da NASA
Nesta semana, a ficção científica voltou ao centro do espaço informativo. Primeiro, foi a notícia do regresso do realizador Ridley Scott a “Blade Runner” – filme de culto, de 1982, inspirado em “Do Androids Dream Of Electric Sheep?”, obra de Philip K. Dick de 1968 que entrevia uma distopia assente numa luta renhida pela supremacia entre andróides e humanos. Horas depois é anunciada a publicação de uma série de livros com o selo “Obras de ficção inspiradas pela NASA”, em torno de “conceitos pertinentes para o trabalho corrente e futuro da Agência Espacial Americana”, avança o blogue da Tor/Forge Books.
É uma colaboração para um futuro próximo e pretende voltar a fixar a ficção científica na rota da credibilidade e do interesse do grande público. Pelo menos é assim que é apresentada a parceria entre a editora Tor/Forge Books e a NASA, uma iniciativa com o objectivo de levar escritores da editora a alargar os conhecimentos de ciência e exploração especial e a escreverem com maior rigor científico “obras de entretenimento de um modo distintamente único”.
Num artigo do jornal espanhol ABC, intitulado Está a chegar a ciência-ficção baseada em factos reais, o redactor-chefe da secção de Cultura, Jesús García Calero, pergunta a propósito desta colaboração se “pode a NASA melhorar a imaginação científica – se isso existe – dos escritores?”
O programa literário-espacial vai reunir uma elite de escritores e a nata da nata de cientistas e engenheiros aeroespaciais. Os encontros vão ter lugar no Goddard Space Flight Center (GSFC) da NASA em Novembro.
Os autores – nem todos provenientes da ficção científica - vão assistir a um workshop de dois dias que consistirá em visitas guiadas e sessões personalizadas com peritos da agência. A NASA vai ainda permitir o acesso privilegiado a dados reservados e o contacto dos escritores com especialistas de avaliação e design educacional, avança o blogue da editora.
Apesar da missão do vaivém Atlantis ter chegado ao fim e dos cortes orçamentais que a agência sofreu este ano terem comprometido algumas investigações e missões da agência espacial, há alguns motivos de inspiração da escrita de ficção científica nos dias de hoje: uma acção de observação do asteróide Vesta, a intenção de colocar veículos e humanos a circular em Marte ou de confirmar se o planeta vermelho contém, de facto, água corrente.
Nos últimos anos, os erros científicos em livros e filmes do género têm sido apontados meticulosamente e ridicularizados em fóruns e blogues, tendo colocado em causa a credibilidade da ficção científica. Esta acção conjunta pretende, neste sentido, afastar os erros científicos dos livros, ao despertar a consciência dos escritores para o estudo da ciência, da tecnologia, da engenharia e da matemática, e atrair um público mais abrangente para um género de culto. Dar a conhecer o papel que a NASA desempenha actualmente é outro objectivo.
No blogue da Tor/Forge, o editor da chancela revela as expectativas face a este protocolo, destacando a influência recíproca da ficção científica e da ciência. “Tenho a esperança que, ao trabalharmos com a NASA na criação de novas histórias de ciência e descoberta, possamos inspirar a próxima geração de exploradores e inventores, porque tudo isto começa com a imaginação – com histórias e sonhos das melhores coisas que estão para chegar”, conclui Tom Doherty.
Muitos indivíduos que trabalham nos campos da ciência e das tecnologias creditam ao contacto com obras de ficção científica um momento crucial para a escolha da carreira profissional, conclui a notícia da Tor/Forge.