A existência de “Salvator Mundi”, com 65,6 cm de altura e 45,4 cm de largura, era conhecida, dada a sua referência em documentos históricos, mas até aqui julgava-se perdida ou mesmo destruída, à semelhança do que aconteceu com alguns dos trabalhos de Da Vinci. Como é o caso do quadro “Leda col Cigno”, um nu provocador que terá sido destruído por um membro religioso da família real francesa. Um nu de Mona Lisa, “Mona Vanna”, é outro exemplo dos trabalhos perdidos. Segundo o “The Guardian”, existem tantos trabalhos perdidos de Leonardo da Vinci como conhecidos.
A origem do quadro recentemente descoberto ainda permanece uma incógnita. Sabe-se que “Salvator Mundi” fez parte da colecção do Rei Carlos I de Inglaterra em 1649. Depois da sua morte, passou para Carlos II, que depois deixou a colecção de arte ao Duque de Buckingham, cujo filho leiloou as peças em 1763. Antes e depois destes acontecimentos não se sabe o que terá acontecido à obra de arte, onde esteve nem quem foram os seus proprietários. Apenas em 1900 surgem novos registos do quadro, quando foi adquirido pelo coleccionador britânico Frederick Cook, mas pareceu danificado e a autenticidade de Leonardo da Vinci tinha já sido esquecida. Por isso, Cook vendeu o quadro pela módica quantia de 45 libras. Foi em 1958. Na altura, mal imaginaria que agora em 2011, depois de provada a autenticidade, o quadro, onde surge Cristo com a mão direita levantada em forma de bênção, enquanto na outra mão segura um globo, valesse 120 milhões de libras (cerca de 137 milhões de euros).
Finalmente em 2005, o “Salvator Mundi” viajou para os Estados Unidos, através das mãos do coleccionador privado Robert Simon, especialista na pintura italiana renascentista, que iniciou então um estudo sobre a obra.
Num comunicado divulgado pela agência de comunicação contratada para divulgar o achado, pode-se ler que depois de um “tratamento exaustivo de conservação, a pintura foi examinada por uma série de especialistas internacionais”. “Chegou-se a um consenso inequívoco que ‘Salvator Mundi’ é um original de Leonardo da Vinci. As opiniões dividem-se apenas na data, com alguns a apontar que o trabalho foi feito em finais dos anos 1490, enquanto outros falam já depois de 1500.” O comunicado explica ainda são vários os elementos que não deixam dúvidas da autenticidade do trabalho, desde a qualidade de execução do trabalho aos detalhes conhecidos nos estilos de Da Vinci.
“Salvator Mundi” vai estar exposto ao público, entre 9 de Novembro de 2011 e 5 de Fevereiro de 2012, numa exposição da National Gallery, em Londres, intitulada “Leonardo da Vinci: Painter at the Court of Milan”.
Martin Kemp, professor da Universidade de Oxford e um dos peritos que ajudaram a autenticar o quadro agora atribuído a Leonardo, foi entrevistado pelo PÚBLICO em Novembro de 2010
Notícia actualizada às 18h36