Crise na Grécia pode chegar a outros países, avisa Vítor Constâncio
“A [crise na] Grécia pode ter um efeito de contágio”, disse Constâncio em Frankfurt, à margem da apresentação do relatório Financial Stability Review, da autoridade monetária europeia.
Citado pela agência financeira Bloomberg, o antigo governador do Banco de Portugal sustentou ser essa a razão pela qual o BCE é “contra qualquer tipo” de envolvimento do sector privado “que possa levar a um acontecimento de crédito ou rating”.
No entanto, Constâncio sublinhou que o BCE não é “contra todas as formas de envolvimento privado”, pelo que “uma espécie de iniciativa de Viena” pode ser idealizada no caso grego.
A iniciativa de Viena foi lançada em 2009 e encorajou os bancos da Europa Ocidental a continuarem a financiar as suas unidades na Europa de Leste. Um modelo para a Grécia com base neste modelo poderá envolver os credores para a renegociação dos prazos de cumprimento da dívida helénica, dando tempo ao país para recuperar o acesso aos mercados ou a reestruturar a sua dívida no âmbito do mecanismo permanente criado pela União Europeia e que será accionado em 2013.
Enquanto a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI) exigem a aplicação de duras políticas de austeridade como condição para suportar o plano de assistência financeira, o primeiro-ministro enfrenta a recusa de parte do próprio grupo parlamentar em aprovar aquelas medidas.
A Comissão de Finanças está hoje a debater hoje o programa de austeridade aprovado pelo governo para poupar aos cofres públicos 2,8 mil milhões de euros até 2015, através de privatizações e encerramentos de empresas públicas, cortes salariais e nas pensões, bem como aumentos de impostos.
A agência de notação internacional Standard & Poors cortou, hoje, o rating de quatro bancos gregos para o mesmo nível (CCC) a que reviu em baixa, na segunda-feira, a dívida do Estado, ficando oito patamares abaixo do limiar considerado como investimento seguro.