Reconhecimento facial automático no Facebook gera nova polémica
De certo que já conhece a rotina: de cada vez que um amigo nos identifica manualmente numa fotografia que não queremos que esteja à vista de todos, corremos à imagem em questão para retirarmos essa identificação.
Mas agora o Facebook tornou as coisas ainda mais refinadas: desde Dezembro que a rede social com mais de 600 milhões de utilizadores em todo o mundo tem vindo a identificar - ainda em versão teste - as pessoas presentes em determinada fotografia fazendo o reconhecimento facial dos fotografados.
O sistema de reconhecimento facial torna tudo mais fácil, ao identificar os indivíduos automaticamente à medida que as fotografias são publicadas na rede social. A explicação encontra-se no próprio Facebook: “Esta funcionalidade utiliza a comparação de fotos nas quais estás identificado(a) para sugerir que amigos te identifiquem em fotos novas”.
Os testes começaram em Dezembro nos EUA, mas rapidamente esta possibilidade foi alargada a todo o mundo sem que os utilizadores tenham dado conta destas alterações que se tornarão efectivas muito em breve. Quem não quiser fazer parte deste esquema tem de optar por sair dele, como costuma ser norma no Facebook.
Como é que se faz opt-out? No canto superior direito da sua conta de Facebook vá a “Conta” e depois a “Definições de Privacidade”. Carregue seguidamente em “Personalizar Definições” e depois faça scroll down até ao bloco “Coisas que outras pessoas partilham”. Aqui encontrará o item “Sugerir fotos de mim a amigos - Quando as fotos se parecerem comigo, sugerir o meu nome”. Carregue em “Editar Definições” e, por fim, desactive esta função.
“Mais uma vez, parece que o Facebook está a erodir a privacidade online dos seus utilizadores de forma furtiva”, indicou ao “The Telegraph” Graham Cluley, da empresa britânica de segurança online Sophos.
“Muitas pessoas sentem-se muito desconfortáveis em relação ao facto de um site como o Facebook poder saber como é que elas se parecem e usar essa informação sem a sua permissão”, acrescentou Graham Cluley.
Por seu lado, igualmente ouvido pelo “The Telegraph”, o director-executivo do Electronic Privacy Information Center, em Washington, criticou a forma como o Facebook abriu, por princípio, o sistema de reconhecimento facial a toda a gente.
“Não tenho a certeza que esta seja uma função que as pessoas queiram escolher. Uma melhor opção seria deixar as pessoas fazerem o opt-in”, disse.
Perante mais esta polémica em torno da privacidade, o Facebook reagiu, respondendo no blogue da empresa às perguntas de um repórter: “Deveríamos ter sido mais claros junto das pessoas durante este processo, quando esta função ficou disponível para elas”.
A empresa acrescentou ainda que esta função só será aplicada às fotografias novas que entretanto foram postas online depois de esta função estar oficialmente activa e para quem não tenha feito opt-out.
O Facebook já se viu envolvido numa série de polémicas relacionadas com a privacidade dos seus utilizadores, uma vez que é política da empresa pôr em marcha funções deste género em regime de opt-out e não de opt-in, como reclama a maioria dos peritos em segurança.
A polémica mais recente tinha rebentado em Agosto último, depois de o Facebook ter lançado um novo serviço de geolocalização chamado Places, que necessita que os utilizadores o desactivem se não quiserem que os outros contactos o consigam localizar. O serviço, pensado para smartphones, consegue indicar a localização exacta de pessoas da rede.