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Último a Sair não é um reality show, é um programa de humor

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Logo no primeiro dia de Maio, a SIC estreou Peso Pesado, o formato português do sucesso norte-americano Biggest Loser - onde candidatos obesos lutam pela maior perda de peso. No domingo seguinte, foi a vez de a TVI lançar a resposta à altura com Perdidos na Tribo - um conjunto de celebridades como José Castelo-Branco ou Io Apolloni tenta sobreviver despojado do luxo ocidental, perdidos no meio de uma tribo na Namíbia ou na Etiópia. E, nesta guerra de televisões onde o reality show é a arma principal, nem a RTP quis ficar de fora.

Também no domingo a RTP1 estreou o Último a Sair. Há concorrentes entre os quais estão os actores Bruno Nogueira, Rui Unas ou Gonçalo Waddington, e cantores como Luciana Abreu ou Roberto Leal. E há dois apresentadores: o actor Miguel Guilherme (a quem os concorrentes, por vezes, chamam "Teresa" ou "Júlia", numa alusão às apresentadoras deste formato) - que se estreia neste papel aos 52 anos, e Luís Pereira de Sousa (ou "Eládio", para os concorrentes), que regressa à apresentação, onde não estava desde 1993. E há uma casa, um confessionário. E expulsões da casa. Mas o Último a Sair não é um reality show. O que é então, como versa a canção infantil?

"É um programa de humor. Acho que faz todo o sentido enquanto serviço público. Este programa questiona-nos a todos, porque já vimos todos, alguma vez, um reality show, aguça o nosso espírito crítico. Quem o seguir nunca mais vai olhar da mesma maneira para um reality show. E isso é positivo", responde José Fragoso, director de programas da RTP, sobre o lugar de Último a Sair na grelha da TV pública.

Boa aceitação ou falhanço

E sobre o facto de a Entidade Reguladora para a Comunicação Social já ter recebido duas queixas sobre o programa, devido ao vernáculo usado, Fragoso afirma: "Os programas de humor trazem sempre queixas, o que tem a ver com a sua natureza diferenciada".

Bruno Nogueira, autor do modelo a par de João Quadros e Frederico Pombares, contou ao P2 como nasceu a ideia: "Não teve grande ciência. O José Fragoso pediu-me para apresentar um projecto novo a seguir ao Lado B [talk show de domingo à noite que era apresentado pelo humorista]. Lembrei-me que me apetecia algo que seguisse a estética dos reality show, com os aspectos mais sumarentos do género, conflitos e paixões".

E confessa que tinha uma expectativa ténue sobre o que ia ser a aceitação do público em relação ao modelo: "Queremos sempre que corra o melhor possível. Mas achei que ou ia ter uma boa aceitação ou que ia ser um tremendo falhanço".

As audiências não têm sido propriamente animadoras, com um décimo segundo lugar na grelha de audiências da estreia (um share médio de 17,9 por cento comparado com os 41,5 de Perdidos na Tribo, da TVI, ou com os 35,2 de Peso Pesado, da SIC, líderes da tabela no dia). Mas nas redes sociais é o Último a Sair que reina, com mais 50 mil fãs, o dobro dos verdadeiros reality shows da concorrência.

"Acho a ideia brilhante", confessa o crítico de televisão Eduardo Cintra Torres. "E um falso reality show. Não me parece que seja algo que não deva estar no canal público. O humor é livre", acrescenta, criticando, contudo, o facto de o programa se colar de mais ao Big Brother e a mistura de actores com não-actores: "Os que não são actores não representam bem". Mas reconhece que ainda há muito para ver. E aponta Gonçalo Waddington como a personagem que maior expectativa lhe oferece: "É interessante por ser de ruptura.

Para José Fragoso, esta é uma aposta da RTP no humor, género em que o canal tem investido: "O programa faz parte de uma linha da RTP de aposta no humor, com Portugal Tal e Qual, Estado de Graça, com o Herman. Temos uma família muito larga de humoristas, todos capazes de chegar aos vários públicos que os queiram ver. Só não temos os Gato Fedorento. Mas eles fizeram uma opção. O humor é um conteúdo muito importante para a RTP".

E sobre quem será o Último a Sair, guarda segredo: "Sei quem é, mas não posso dizer".

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