Citando um nosso mestre, "não me importo que me manipulem, desde que o façam com jeitinho". Ora, jeitinho é coisa que "Camino" dispensa: do primeiro ao último plano é manipulação, manipulação, manipulação, e à bruta. Por cada vez que Javier Fesser mostra um grande plano da miuda protagonista a sorrir estabelece-se um novo padrão para a pornografia sentimental; e nem o facto de "Camino" tratar de uma história baseada num tipo de chantagem semelhante (chamemos-lhe: um caso de pornografia religiosa) serve de atenuante, pelo contrário. Espécie de "Amélie Poulain nas Garras da Opus Dei", o filme de Fesser não dá tréguas: voltefaces dignos de telenovela, beatas e padres sinistos, e muitos "sonhos" como medida da "inocência" da miuda. A intenção, parece, era contribuir para o mau nome da Opus Dei, mas quem sai pior é o cinema, e especialmente um dos seus géneros mais nobres, o melodrama.
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