Crise nuclear pode custar à Tepco 130 mil milhões de dólares em indemnizações
A empresa tem estado debaixo de fogo sobre a forma como está a lidar com a emergência na central de Fukushima 1, danificada pelo sismo e tsunami que abalaram a região Nordeste a 11 de Março.
Ontem, o Governo japonês e a Tepco admitiram que ainda não há fim à vista para a crise. Mas, para a empresa, a única forma de evitar uma escalada nos custos é resolver o problema de Fukushima rapidamente, considera o banco Merrill Lynch. Se tudo estiver terminado dentro de dois meses, os custos com as indemnizações poderão não chegar aos 8,5 mil milhões de euros. Os custos poderão subir para os 25,6 mil milhões de euros se a situação se arrastar por seis meses, estimou o analista Yusuke Ueda, num relatório daquele banco de investimento. No entanto, os especialistas acreditam que a crise nuclear no Japão deverá prolongar-se por vários anos.
A Tepco poderá ainda gastar 17,1 mil milhões de euros num ano, disse o analista Penn Bowers, da CLSA, se tiver de pagar por combustível extra para manter em funcionamento as suas centrais térmicas, entre outros custos.
Hoje, a Agência Internacional de Energia Atómica sugeriu que o Japão deve alargar a zona de evacuação em redor de Fukushima, o que forçará à deslocação de mais pessoas e empresas, situação que poderá aumentar os pedidos de indemnização. Mais de 70 mil pessoas foram retiradas de uma zona com 20 quilómetros e outras 130 mil que vivem a dez quilómetros de distância dessa área foram aconselhadas a não sair de casa.
Ainda assim, parte dos custos com indemnizações poderá ser suportado pelo Governo japonês. “Mesmo sem haver uma nacionalização há uma maneira de o Governo ajudar a Tepco a pagar pelos danos”, comentou Akihito Murata, analista de crédito na Deutsche Securities, em Tóquio. Segundo a legislação japonesa, o operador de uma central pode ficar isento de pagar por danos causados por um reactor se o acidente tiver sido desencadeado por uma catástrofe natural “excepcional”.