Irlanda teve recuo de 1,6 por cento do PIB no último trimestre de 2010
Segundo o instituto de estatística da Irlanda, também em relação a todo o ano de 2010, o Produto Interno Bruto (PIB) irlandês ficou abaixo das estimativas: até Dezembro, a queda acumulada dos 12 meses foi de um por cento, quando Berlim previa uma subida de 0,3 por cento.
Mesmo face à previsões de analistas ouvidos pela agência Reuters – que já contavam com uma contracção de 0,42 por cento – a quebra acabou por ser superior. Contra a tendência anual, o terceiro trimestre registou um crescimento do PIB, de 0,6 por cento.
Ainda assim, o Produto Nacional Bruto (PNB) do antigo “tigre celta” conseguiu avançar, no ano passado, dois por cento durante o mesmo período, para surpresa dos observadores, que esperavam uma subida tímida, de 0,1 pontos percentuais e depois de uma queda de 10,7 por cento em 2009.
Apesar de ser o terceiro recuo anual consecutivo do PIB, 2010 foi o ano em que se registou uma menor queda – em 2008, a descida do PIB ficou nos 3,5 e, em 2009, cifrou-se nos 7,6 por cento. E, para este ano, o banco central irlandês não espera um crescimento superior a um por cento.
Os números hoje anunciados não podiam ser conhecidos em pior altura. São apresentados no dia em que os Vinte e Sete estão reunidos em Bruxelas para discutir a resposta europeia à crise da dívida soberana. E Dublin foi à capital belga neste dia de arranque do Conselho Europeu sem certezas quanto àquilo que tem pedido para ser acordado entre os pares: uma alteração das taxas de juro, para condições mais favoráveis, a pagar pelo dinheiro emprestado pela União Europeia e o Fundo Monetário Internacional aquando do resgate conjunto das duas instituições.
O novo primeiro-ministro, Enda Kenny, sugere uma redução para 5,8 por cento de juros sobre os 85 mil milhões de euros emprestados em Novembro, mas ainda ontem a chanceler alemã, Angela Merkel, disse que os estados membros que foram alvo de ajuda terão de dar algo em troca para obterem essa descida. No caso da Irlanda, seria a subida das taxas cobradas às empresas, de forma a alinhar mais com o resto da Europa.