Ministério da Saúde diz desconhecer caso de substituição de medicamentos após transplantes em Coimbra

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Paulo Ricca

Questionados sobre a decisão do Centro Hospitalar de Coimbra de substituir, tal como noticiou ontem o PÚBLICO, o medicamento de referência administrado às crianças que se submeteram a transplante hepático por um genérico, Maria João Aguiar, coordenadora nacional para a colheita de órgãos, e Manuel Pizarro afirmaram não terem sido informados oficialmente da situação.

Embora o ex-coordenador do programa, Emanuel Furtado, tenha considerado a troca “perigosa” e de “alto risco” para a saúde das crianças, o secretário de Estado afirmou não ter “informação de que alguma modificação que tenha ocorrido tenha tido um impacto concreto na qualidade de vida dos doentes”.

Manuel Pizarro reconheceu, no entanto, que “há uma orientação geral que diz que no caso de medicações com uma janela terapêutica estreita (ou seja, em que a diferença entre o efeito terapêutico e o efeito tóxico é pequena), não se devem proceder a alterações dos fármacos durante o processo de tratamento.”

Em relação à colheita e transplantação de órgãos a nível nacional, Manuel Pizarro assegurou que as medidas de contenção na área da saúde não irão afectar esta actividade. A par com Espanha, Portugal é líder mundial na colheita de órgãos para transplante, com um total de 323 colheitas registadas em 2010.

“Estou convencido que as medidas de contenção não vão ter nenhuma repercussão nesta área, porque a maior parte deste trabalho não é feito com recurso a horas extraordinárias mas sim a um regime de incentivos, também penalizado, mas eu julgo que, apesar de tudo, os profissionais vão compreender”, disse Manuel Pizarro.

Maria João Aguiar mostrou a mesma convicção. “As pessoas que trabalham em medicina de emergência perceberam muito bem que a responsabilidade perante as listas de espera é sua e que há doentes que irão morrer se elas não trabalharem para concretizar a colheita”, afirmou.

Segundo a responsável, Portugal é “um exemplo” para a Europa, tendo uma taxa média de dadores por milhão de habitantes muito superior à média europeia (30,4 contra 18). “Somos o segundo país do mundo na actividade de colheita de órgãos e o primeiro no transplante hepático”, disse.

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