Escolas cortam nas visitas de estudo por falta de verbas

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Associação de dirigentes escolares não tem conhecimento desta situação Foto: DR

O vice-presidente da Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE) afirma que, nos últimos dez anos, o número de visitas de estudo realizadas pelas escolas tem vindo a diminuir. Segundo Joaquim Ribeiro, os cortes na educação determinados pelo Orçamento do Estado para 2011 deverão acentuar ainda mais essa tendência, visto que o transporte escolar dos alunos que pertencem aos escalões mais baixos do Serviço de Acção Social Escolar (SASE) é financiado, parcial ou totalmente, pelas escolas. "Se as escolas dispõem de poucas verbas, é muito difícil organizar visitas de estudo com cerca de 25 alunos que muitas vezes têm poucas posses", diz.

"Está a ser negada à escola pública a hipótese de melhorar", alerta Joaquim Ribeiro, acrescentando que os encargos para os encarregados de educação são cada vez maiores e que os mesmos se sentem "cada vez mais sós e desacompanhados".

O presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP), Albino Almeida, tem uma visão menos pessimista e duvida que as restrições orçamentais conduzam a uma redução significativa das visitas de estudo. "Em muitos casos, o transporte dos alunos é financiado parcialmente pelas autarquias", refere. O responsável sublinha ainda que as visitas fazem parte do plano anual de actividades das escolas e do projecto curricular das turmas, pelo que eventuais cortes terão sempre de ser discutidos com os conselhos administrativos e pedagógicos e com os coordenadores de agrupamento. "Ter um plano de actividades que não se cumpre seria um logro", diz Albino Ribeiro

Na Escola Secundária de Oliveira do Douro, localizada em Gaia e dirigida pelo presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), o corte de 500 euros no orçamento já exigiu o cancelamento das visitas escolares agendadas para o resto do ano lectivo. Adalmiro da Fonseca considera que ainda é cedo para prever se a diminuição das verbas atribuídas pelo Ministério da Educação irá obrigar muitos estabelecimentos de ensino a recorrerem à mesma medida. No entanto, sublinha que as visitas de estudo são actividades com grande importância na aquisição de conteúdos e no desenvolvimento de competências, sobretudo em escolas do interior do país, onde são uma forma de os alunos conhecerem outras realidades.

O presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), Manuel Pereira, não tem conhecimento de escolas que já tenham tido de cancelar visitas. Admite, no entanto, que a diminuição dos apoios do Estado às escolas básicas e secundárias tem provocado dificuldades financeiras. "A única solução é reduzir os custos de funcionamento, cortando em despesas com comunicações, fotocópias e serviços de limpeza."

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