É um filme dois-em-um: aproveitamento certeiro do "momento Natalie Portman", com a actriz nas bocas do mundo graças à sua nomeação para os Óscares por "Cisne Negro", e confirmação da versatilidade de uma actriz mais subestimada do que merece, capaz de insuflar vida numa comédia romântica aparentemente chapa-quatro.
Mas a verdade é que mesmo tirando Portman - e Greta Gerwig, a diva "mumblecore" que o "Greenberg" de Noah Baumbach elevou à primeira liga -, e apesar de Ashton Kutcher ser mais carinha laroca que outra coisa, "Sexo sem Compromisso" está uns furos acima da média (francamente baixa...) das recentes comédias românticas americanas. Isso deve-se também à "descentragem" que Ivan Reitman introduz nesta história de uma relação relutante entre um aspirante a argumentista loucamente apaixonado e a sua musa, uma médica que apenas quer o "sexo sem compromisso" do título português. Embora em nenhum momento o filme transcenda a previsibilidade e se sintam aqui e ali "tesouradas" que sugerem que a montagem deixou coisas para trás, há algo de descomplexado na sua abordagem nada pudibunda ao sexo e um percurso suficientemente plausível para se ver sem enfado. "O Amor é o Melhor Remédio" é melhor fita no género, mas "Sexo sem Compromisso" são duas horas descontraídas e despretensiosas.