Liedson fez a festa da sua despedida sozinho

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Liedson despediu-se do Sporting com dois golos José Manuel Ribeiro/Reuters

O avançado, que chegou a acordo com o Sporting para sair, pediu uma despedida em grande. E não parecia um pedido muito difícil: a Naval é a última classificada e é uma das equipas que mais golos sofreram de Liedson (encaixou o décimo golo, mais só o Benfica). Melhor: a equipa da Figueira da Foz chegou a Alvalade com o pior ataque da Liga (apenas 11 golos e sem nunca ter marcado mais de dois num jogo). Esta sexta-feira, apontou três e saiu com 14, os mesmo que o Olhanense, próximo adversário dos “leões”).

Nada disto, no entanto, parecia funcionar a favor dos sportinguistas, que enfrentaram um fantasma que sofre das mesmas agruras: ambos possuem mais pontos e vitórias fora das suas casas. Como anfitrião, o “leão” soma três vitórias (contra seis fora), enquanto a Naval ainda não pontuou na Figueira e leva dois triunfos fora. Com o incómodo de jogar em Alvalade, Paulo Sérgio preferiu fechar-se com três jogadores no meio-campo.

Este equívoco durou (longos) 27 minutos. O técnico prescindiu de Zapater e fez entrar Salomão, juntando Postiga a Liedson. Nem quatro minutos durou a fazer efeito – o Sporting chegou ao golo graças ao ex-Real Massamá, que desmarcou Postiga e, na recarga, Liedson fez o que já fez tantas vezes. Seria a despedida perfeita: golo e vitória na hora do adeus.

Mas a equipa de Mozer, que se apresentou ofensiva, com três avançados, respondeu, contando com a infantilidade de Evaldo (fez um dos penáltis mais patetas da temporada) e do resto da defesa, que no segundo golo da Naval ficou estática a ver Simplício marcar.

Derrotado ao intervalo – um sentimento já experimentado pelos adeptos sportinguistas esta época no final dos jogos ante V. Guimarães e Paços de Ferreira – os “leões” voltaram com vontade, mas pouca cabeça. E não fosse a mão na área de Camora (que Postiga aproveitou para fazer golo de penálti) e podia ter sido uma noite ainda mais fria para os sportinguistas.

Liedson ainda tentou marcar a grande penalidade, mas regras são regras e, visto ser este um dos piores capítulos do brasileiro, cedo desistiu da intenção. Se o ex-portista marcou, Godeméche fez o mesmo.

Quando o “leão” parecia recuperar, o francês fez questão de pôr à prova Rui Patrício – e este falhou, parecendo mal batido. A casa dos equívocos virou um suplício para os jogadores leoninos e para o treinador. Enquanto as claques invectivavam Paulo Sérgio e Costinha (e numa das bancadas houve mesmo a ousadia de um cartaz com o dito “Liedson resolve... virar a cara à luta”), respondeu o “Levezinho” mais uma vez. A mostrar que não era verdade, o brasileiro ainda marcou o golo do empate nos descontos. Foi insuficiente para a vitória, mas na hora de pegar o microfone para se despedir, o estádio rendeu-se ao brasileiro. E este respondeu com lágrimas, olhando para um pano estendido atrás do banco de suplentes: “Liedson não te vás embora sem me deixares a tua camisola”, com colagens de capas de jornais com a sua fotografia – “com carinho para ti”.

Os jogadores do Sporting, no meio do relvado a ouvir as palavras de Liedson, abraçaram-no quando este chorou. Saíram depois cabisbaixos. A razão é simples: na noite de despedida de um dos maiores goleadores do clube, a equipa, frente à pior formação da Liga, perdeu pontos e poderá ficar ainda mais longe do segundo e primeiro lugares.


POSITIVO e NEGATIVO

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Liedson
Mesmo na despedida foi o homem do jogo. Disse-o o treinador adversário e todos os que assistiram ao jogo. Marcou o primeiro e o último golo da noite, que era para ser só dele. Só não foi porque a equipa o voltou a trair.

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Defesa do Sporting
Parecia uma defesa dos juvenis. Primeiro foi Evaldo com um penálti imbecil, depois, no segundo golo, ficaram a ver jogar e no terceiro Rui Patrício foi mal batido. E era o pior ataque da Liga...
Ficha de jogoSporting, 3
Naval, 3

Jogo no Estádio José Alvalade, em Lisboa.Assistência
20.549 espectadores.

Sporting

Rui Patrício

4

, Abel

5

(Cristiano

-

, 86’), Carriço

6

, Polga

5

, Evaldo

3

, Pedro Mendes

5

, Zapater

-

(Salomão

6

, 28’), André Santos

4

(Matías Fernández

5

, 75’), Vukcevic

5

, Hélder Postiga

5

e Liedson

8

.

Treinador

Paulo Sérgio.

Naval

Salin

5

, Carlitos

6

, Gomis

6

, João Real

6

, Camora

5

, Manuel Curto

6

, Marinho

6

(João Pedro

5

, 64’), Edivaldo

5

(Giuliano

5

, 64’), Godemèche

7

, Simplício

6

e Fábio Júnior

6

(Previtali

-

, 83’).

Treinador

Carlos Mozer.

Árbitro

Bruno Esteves

5

, de Setúbal.

Amarelos

Liedson (28’), Camora (35’), Evaldo (42’), Abel (61’).

Golos

1-0, por Liedson, aos 33’; 1-1, por Fábio Júnior (g.p.), aos 43’; 1-2, por Simplício, aos 45’+1’; 2-2, por Hélder Postiga (g.p.), aos 60’; 2-3, por Godemèche, aos 67’; 3-3, por Liedson, aos 90’.

Notícia actualizada às 23h07
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