Vais Conhecer o Homem dos teus Sonhos

Esta tem sido a "démarche" de Woody Allen nas cidades (Londres ou Barcelona): sem curiosidade já para o que é diferente e apenas aproveitando os cenários que lhe dão para repor obsessões, motivos e as figuras de sempre - veja-se como a prostituta deste filme, Lucy Punch, é uma reedição, trejeitos e tudo, das prostitutas de outros filmes, da Mira Sorvino de "Poderosa Afrodite" ou da Bebe Neuwirth de "Celebridades". Ou seja, é coisa de oportunidade, em que o "outro" não regista ou é passeio turístico. E no entanto, em "Vais conhecer o homem dos teus sonhos", essa clausura de velho - é um filme descarnado até ao osso, aparentemente já sem paciência para "construir", despejando actores num cenário a recitarem um texto e sem outra alternativa a não ser servirem de veículo do que foi escrito por... - carrega este filme sobre o destino com uma claustrofobia pegajosa. E subitamente, aquilo que parecia Woody Allen em piloto automático, é máquina em movimento, o realizador instituindo-se como "deus ex-machina" a fazer o cerco às personagens. E subitamente ficamos também cercados.

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