Raúl Castro afirma que o regime cubano rectifica a estratégia económica ou se afunda
“Ou rectificamos ou acaba-se o tempo de andar à volta do precipício. Afundamo-nos e afundamos o esforço de gerações inteiras”, afirmou sábado Castro durante um discurso, no qual se mostrou bastante crítico em relação a erros antigos.
O Presidente preconizou o debate aberto dos problemas, sem se ficar atado a dogmas e esquemas inviáveis, que constituem uma barreira psicológica colocal, que é imprescindível desmontar pouco a pouco”.
As questões que definem o percurso político e económico do regime vão ser abordadas em 2011 numa Conferência Nacional do Partido Comunista de Cuba, depois do VI Congresso do mesmo, que em Abril deve dar o sinal de partida para um sistema de economia mista, com cada vez mais espaço para a economia privada e menor intervenção do Estado.
Há que modificar “os métodos e estilos de trabalho da organização partidária”, de modo a que o PCC dirija e controle, mas não interfira nas actividades do Governo, a nenhum nível”, disse o general Raúl Castro, de 79 anos, irmão mais novo de Fidel, que até Fevereiro de 2002 presidia ao Conselho de Estado e ao Conselho de Ministros.
Mudar a mentalidade“Há que mudar a mentalidade dos quadros”, pois que até agora se verificou um “excessivo enfoque paternalista, idealista e igualitarista”, considerou o Presidente, segundo o qual alguns dos problemas com que Cuba hoje se debate têm a ver com a caderneta de abastecimentos, medida de distribuição “que beneficia de igual modo os que trabalham e os que não o fazem”.
O fortalecimento do papel do salário naquela ilha das Caraíbas “só será possível se, ao mesmo tempo que se reduz o que é gratuito e os subsídios, se elevar a produtividade do trabalho e a oferta de produtos”, prosseguiu, no seu discurso de mais de uma centena de parágrafos, que levou duas horas a ler.
“É preciso colocar sobre a mesa toda a informação e os argumentos que fundamentam cada decisão; e, ao mesmo tempo, suprimir o excesso de secretismo a que nos habituámos durante mais de 50 anos de cerco por parte do inimigo”, afirmou de igual modo Raúl Castro.
De pé, na tribuna da Assembleia Nacional, o Presidente ergueu uma rosa branca, a evocar um poema do herói nacional José Martí (1853/1895): “Cultivo una rosa blanca”.