ONU rejeitou ordem de expulsão dada por Laurent Gbagbo

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Apoiantes de Laurent Gbagbo mantêm-se nas ruas de Abidjan Foto: Luc Gnago/Reuters

Ban afirmou que a Operação das Nações Unidas na Costa do Marfim (ONUCI) “cumprirá o seu mandato e continuará a fiscalizar e documentar quaisquer violações dos direitos humanos, incitamento ao ódio e à violência ou ataques aos capacetes azuis”.

A ONU, os Estados Unidos, a França, a União Europeia (UE) e a União Africana (UA) reconheceram o principal rival de Gbagbo, Alassane Ouattara, como o vencedor da segunda volta das presidenciais, realizadas dia 28 de Novembro. Mas ele não aceitou a derrota e recorreu ao Conselho Constitucional para o proclamar vencedor.

Se bem que normalmente o Conselho fosse a última instância a pronunciar-se sobre o assunto, havia agora um acordo internacional no sentido de que seriam desta vez as Nações Unidas a confirmar ou rejeitar os dados da Comissão Eleitoral Independente. E elas confirmaram-nos, dizendo não haver qualquer dúvida da vantagem obtida por Ouattara sobre o Presidente cessante, que se encontra há 10 anos no cargo.

Uma porta-voz de Gbagbo acusara ontem as tropas da ONU e da França de conluio com os antigos rebeldes, agora chamados Forças Novas (FN), que eram liderados por Guillaume Soro, nesta altura primeiro-ministro designado por Alassane Ouattara.

Na sequência de semelhante acusação e dos pedidos de Ban Ki-moon e do Presidente Nicolas Sarkozy para que Gbagbo se demitisse, este último mandou a sua porta-voz Jacqueline Oble dar ordem de expulsão ao contingente da ONU e aos 900 militares franceses da Força Licorne.

“Esta decisão não pode ser aplicada, porque Gbagbo já não é Presidente. Consideramos ridículo este gesto de um Presidente vencido. Toda a gente sabe que não tem qualquer qualidade para pretender pedir a partida da Força Licorne e do contingente da ONU”, afirmou Guillaume Soro à AFP.

De acordo com o antigo primeiro-ministro de Gbagbo, que ocupa agora idênticas funções junto de Ouattara, é preciso que a comunidade internacional se consciencialize de que está perante “uma verdadeira loucura assassina, que vai semear a desolução e criar na Costa do Marfim outro Ruanda”.

A porta-voz das FN, Affoussy Bamba, acusou os partidários de Laurent Gbagbo de preparem um genocídio com o apoio de milicianos ou mercenários angolanos e liberianos. “De dia e de noite, sem repetição, estes milicianos, com a cumplicidade e a benção de certos elementos das Forças de Defesa e Segurança, introduzem-se em casa de honestos cidadãos para os executar friamente”, afirmou aquela advogada.

O economista liberal Ouattara, que se considera o Presidente devidamente eleito da Costa do Marfim, encontra-se actualmente alojado num hotel da cidade de Abidjan, sob a protecção da ONU.

Segundo a porta-voz de Gbagbo, que é de igual modo ministra da Educação, os capacetes azuis “interferiram gravemente nos assuntos internos da Costa do Marfim”.

Uma das patrulhas da ONU já foi ao princípio da madrugada de ontem alvejada a tiro ao entrar no quartel-general que ocupa na cidade de Abidjan, a principal do país e o seu centro económico.

Depois, durante a tarde, após a comunicação feita na televisão pela representante do Presidente cessante, milhares de “Jovens Patriotas” que lhe são afectos andaram pelas ruas a exigir a partida dos capacetes azuis e das tropas francesas.

Sexta-feira, outros partidários da oposição a Gbagbo foram detidos em Grand Bassam, cerca de 30 quilómetros a leste de Abidjan, e há notícia de algumas pessoas terem sido então mortas, tal como outras dezenas o tinham sido na véspera, em diferentes localidades.

A UA e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) têm procurado em vão nestes últimos dias procurar convencer o historiador Laurent Gbagbo a demitir-se e a partir para o exílio.

Tanto o antigo Presidente sul-africano, Thabo Mbeki, como o presidente da Comissão da UA, o gabonês Jean Ping, já falharam missões de mediação, durante as quais tentaram resolver o impasse que se vive na Costa do Marfim, que é o maior produtor mundial de cacau.

Devido à crise, milhares de pessoas têm estado a fugir de lá para outros países; nomeadamente a Libéria e a República da Guiné.

Notícia actualizada às 12h10
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