Governo diz que regime compensatório dos Açores pode pôr em causa Constituição
“O Governo aguardará que os órgãos competentes se pronunciem. Há vários órgãos no nosso panorama institucional (o representante da república, o Tribunal Constitucional, por exemplo) que velam pelo princípio da igualdade, da proporcionalidade e da equidade que devem estar presentes em todos os actos legislativos. Principalmente numa área tão sensível e delicada como aquela que pela primeira vez fala em cortes salariais e de cortes nas expectativas das pessoas face a uma situação de excepcional relevância para o país”, disse o secretário de Estado da Administração Pública, Gonçalo Castilho dos Santos.
“Se é do país que estamos a falar, são medidas de âmbito nacional”, acrescentou, durante uma conferência de imprensa para reagir à notícia avança pelo jornal Sol.
Questionado sobre o que irá o Governo fazer face a esta decisão da assembleia legislativa dos Açores, o secretário de Estado frisou que “ não cabe ao Governo da República pronunciar-se sobre a legalidade ou ainda mais sobre a constitucionalidade – penso que está em causa a ponderação em torno do princípio da igualdade”. E destacou que a norma que prevê um corte salarial médio de cinco por cento na massa salarial da Administração Pública “não comporta excepções e é de aplicação universal”.
“A igualdade é um princípio constitucionalmente protegido e por isso o Governo espera que todos os órgãos competentes que velam pelo cumprimento da lei, quer a lei ordinária quer a lei fundamental, acautelem esse princípio”, disse ainda o secretário de Estado, alinhando pela posição do Presidente da República.
Cavaco Silva sugeriu hoje que o regime compensatório para os funcionários públicos dos Açores poderá ser inconstitucional, violando o princípio da equidade na tributação dos rendimentos dos cidadãos.
O Orçamento do Estado para 2011 prevê que os salários acima de 1550 euros terão uma redução entre 3,5 e 10 por cento a partir de Janeiro do próximo ano. Para compensar o corte, a assembleia legislativa dos Açores aprovou uma norma que compensa os funcionários que recebem entre 1500 e 2000 euros mensais, protegendo, argumenta Carlos César, os rendimentos mais baixos.