Centro Hospitalar de Coimbra realizou primeiro implante coclear em bebé com menos de um ano
O director do serviço, Carlos Ribeiro, revelou à agência Lusa que esta intervenção permitirá ao bebé, de 11 meses, “uma audição social normal”, possibilitando-lhe a “compreensão da palavra e a aprendizagem da linguagem”.
A implantação coclear em crianças com menos de um ano de idade “constitui um marco importante. Quanto mais cedo a criança for implantada, mais cedo a sua audição e os seus neurónios serão estimulados, e portanto, mais capacitada estará para desenvolver competências linguísticas”, sublinha o médico em nota divulgada hoje.
O director do Serviço de Otorrinolaringologia do CHC frisa ainda que “se a implantação não for suficientemente precoce, a criança pode nunca recuperar totalmente as suas capacidades para compreender e utilizar a linguagem”.
Carlos Ribeiro nota que “a cirurgia é apenas uma parte de um processo muito mais longo, desde o rastreio, passando pelo diagnóstico precoce, pelo esclarecimento dos pais e pela definição de que o implante é, de facto, a melhor opção para a criança, e não uma prótese auditiva, por exemplo”.
“Ora, conseguir cumprir todas estas fases do protocolo num espaço de tempo tão reduzido e com uma criança tão pequena, só é possível com uma equipa multidisciplinar tecnicamente muito evoluída”, alerta.
Segundo o comunicado, “esta é a primeira vez em Portugal que uma criança com menos de um ano de idade recebe um implante coclear. Até então, a criança mais nova sujeita, no Centro Hospitalar de Coimbra, a este tipo de procedimento tinha já 16 meses de idade”.
“A realização desta cirurgia representa o corolário do esforço de um elevado número de profissionais, de áreas muito diversas: Otorrinolaringologia, Anestesia, Audiologia, Terapia da Fala, Pediatria, Neuroradiologia e Genética entre outras”, refere Carlos Ribeiro.
“Por outro lado, o acto cirúrgico em si tem complexidades acrescidas, porque se trata de uma criança com idade e peso reduzidos, o que constitui um desafio do ponto de vista técnico, mas também do ponto de vista médico e no que diz respeito à anestesia”, sublinha.
O mesmo responsável estima que em Portugal existam 80 a 100 crianças com menos de um ano que precisam desta tecnologia, com custos da ordem dos 20 mil euros.
Em medicina, o ouvido “é o primeiro órgão dos sentidos a ser substituído [pelo implante] de uma forma quase integral, mantendo a maior parte das suas funções e capacidades”, adiantou à Lusa.
Com a dupla de cirurgiões Manuel Filipe Rodrigues e Fernando Rodrigues, este serviço já fora pioneiro em Portugal na implantação coclear de adultos (1985) e de crianças (1992). Em 2009, já sob a direcção de Carlos Ribeiro, realizou o primeiro implante coclear híbrido no país, adianta a nota.