CNN despede editora do Médio Oriente por causa de tweet sobre líder religioso

Octavia Nasr, uma jornalista veterana que trabalhava já há duas décadas para a CNN, lamentou a morte (no passado domingo, em Beirute) do líder religioso – uma das mais importantes autoridades xiitas – referindo-se a Fadlallah como “um dos gigantes do Hezbollah”.

Figura chave da Revolução Islâmica iraniana e um dos primeiros apoiantes do partido iraquiano Dawa, liderado pelo primeiro-ministro do Iraque Nuri al-Maliki, Fadlallah é tido como o líder espiritual e um dos mais importantes mentores do movimento islamista militante Hezbollah, quando este foi formado logo após Israel ter invadido o Líbano em 1982. Tanto o Hezbollah como o líder religioso sempre negaram, porém, esta ligação.

Apoiantes e simpatizantes de Israel reagiram prontamente ao tweet de Nasr, relata na edição de hoje o diário “The New York Times”. Segundo este mesmo jornal, a vice-presidente do departamento noticioso da CNN INternational, Parisa Khosravi, escreveu num memorando interno do canal que tivera “uma conversa” com Nasr e que “foi decidido que ela deixaria a empresa”.

Aparentemente a CNN só se apercebeu do tweet da editora na segunda-feira, quase 24 horas após ter sido feito, e porta-voz do canal apontou, um dia mais tarde, que tal constituíra “um erro de avaliação” por parte de Nasr. “A CNN lamenta qualquer ofensa que a mensagem de Twitter tenha provocado. [O tweet] não cumpre os requisitos editoriais da CNN. Esta é uma questão séria e vamos resolvê-la de forma apropriada”, afirmou a porta-voz de acordo com o "NYT".

Entretanto, na terça-feira, Octavia Nasr observava no seu blogue: “As reacções ao meu tweet foram imediatas, esmagadoras e dão uma importante lição sobre a razão pela qual 140 caracteres [o máximo que se pode escrever num tweet] não devem ser usados para comentar assuntos controversos ou sensíveis, especialmente os que dizem respeito ao Médio Oriente”.

A jornalista explicou ainda que o respeito expresso pelo ayatollah se devia ao pensamento e acção “pioneira” de Fadlallah nas questões dos direitos das mulheres no Médio Oriente.

Sugerir correcção
Comentar