Parte das plantações de papoilas do Afeganistão está contaminada
Poderá tratar-se de um fungo ou um vírus, ou até mesmo de uma espécie de insecto parasita. O que se sabe é o modo como actua: ataca a raiz da papoila, vai-se propagando caule acima e, finalmente, faz murchar a cápsula de onde é retirado o ópio.
Cerca de 2500 toneladas de ópio perdidas, deverá ser o resultado. Os maiores problemas estão a surgir nas províncias de Helmand, Kandahar e Oruzgan.
Depois de vários anos em queda, o preço do ópio já disparou no país que mais produz ao nível mundial, avançou à televisão britânica BBC o director do escritório das Nações Unidas para as Drogas e o Crime, o italiano Antonio Maria Costa. Um quilograma de ópio custava no mês passado 100 dólares (cerca de 80 euros). No mesmo mês de 2009 a mesma quantidade de ópio valia 74 dólares (perto de 59 euros).
Os agricultores responsabilizam as tropas norte-americanas pela desgraça que este ano lhes bateu à porta. O Exército nega, todavia, qualquer responsabilidade no caso. Mais, considera que a erradicação generalizada da produção de ópio no Afeganistão só atrapalharia a prossecução dos objectivos militares dos EUA na região.
“Se gostaríamos de ver o comércio de papoilas erradicado? Sim. Fá-lo-íamos desta forma? Claro que não”, assegurou ao jornal norte-americano “New York Times” um oficial do Exército, John Kirby.
Também para as Nações Unidas, a responsabilidade não é dos norte-americanos. “Não vejo razões para acreditar em algo desse tipo”, afirmou Antonio Maria Costa em declarações à BBC.
A causa do problema será, então, natural. “A natureza tem estado a favor da economia do ópio. E este ano temos a situação oposta”, explicou. Em declarações ao “New York Times” recordou que algo semelhante já aconteceu há quatro anos, no Norte do Afeganistão.