Viagem emocional ao espaço do "Portugal profundo" esquecido do tempo, "Ruínas" consiste de umasequência de imagens de ruínas de espaços públicos ou cívicos, ilustradas por uma banda-sonoraatmosférica e por vozes off que parecem surgir do fundo dos tempos, lendo textos que pertencem a outras eras. Memórias, instruções, relatórios, canções, correspondências, que podem ou não corresponder às imagens do restaurante Panorâmico deMonsanto, dos teatros do Parque Mayer, da barragem do Picote, da estação de comboios de Barca d''Alva. Sem narrativa nem lógica, sem nostalgias serôdias de "antes é que era bom" nem poesias elegíacasda "pérola a porcos". "Ruínas" é apenas um pequeno registo desapaixonado da erosão do tempo, como quem constata um facto, com a ironia distante de quem sabe o que estes sítios significaram e o modo como o tempo se encarregou de lhe trocar as voltas. Um retrato do tempo que passou sobre estruturas que em tempos foram úteis e que hoje estão abandonadas, símbolos mudos de um Portugal que já não existe - ou que talvez nunca tenha existido.
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