Diferenças nos guarda-redes, no resto e um super Airton
2. Jorge Jesus deixou quatro titulares de fora, o que era mais do que expectável. O intenso duelo com o Marselha tinha sido há 72 horas, seguem-se o Braga e o Liverpool e, tão ou mais importante, tem à sua disposição segundas linhas que possuem igualmente selo de qualidade. Mas manteve inalterado o sector defensivo... Ao invés, Jesualdo limitou-se a colocar em campo os "sobreviventes", pelo menos do ponto de vista físico, porque do anímico a catástrofe é geral, situação oposta à que ocorre no Benfica. As diferenças podiam ainda ser medidas pelos "bancos", sendo impossível pedir às entradas de Valeri e a Orlando Sá um efeito instantâneo.
3. Foi um duelo intenso, mas demasiado vulgar, gerando expectativas que não se cumpriram. Os guarda-redes assistiram a boa parte do espectáculo como convidados. Ganhou a melhor equipa, sempre firme no capítulo defensivo, ligeira e fiável no miolo e profunda e certeira no ataque. O Benfica é uma equipa notável na sua estabilidade. Nem nos seus piores momentos pareceu sobressaltada pelos acontecimentos. De facto, não se descompõe nem a tiro.
4. Tal como na segunda parte em Marselha, Aimar surgiu como segundo avançado (opção que ajudou Quique Flores a cair em desgraça há um ano). E a verdade é que fez muito bem de Saviola, aproveitando com perícia o espaço entre linhas, atrás de um Kardec que mostra "pedigree" e vai sempre à luta. Mas quem nos encheu mais as medidas foi o jovem Airton. Tem muito do que se exige a um número seis. E sem necessidade de recorrer a alguns dos excessos de Javier García, que tem no brasileiro um substituto à altura. Di María é um peso-pluma com alma de artista, mas continua com pouco golo nas botas. Rúben Amorim e Carlos Martins estão a mostrar que faz sentido Carlos Queiroz pensar neles para o Mundial. Aimar esconde toneladas de imaginação e talento num corpo de cristal. Com a sua troca por Saviola, o Benfica ficou ontem a perder.
5. Com Belluschi incapaz de disfarçar a ausência de Varela e Rodriguez limitado e desinspirado, o FC Porto não tinha corredores laterais e precisava que Raul Meireles e Rúben Micael compensassem com diagonais e deslocações entre linhas. Mas o madeirense anda desaparecido do combate há mais de um mês... Resultado: o ataque viveu sempre apenas do desacompanhado Falcao. A incapacidade de reacção na segunda parte foi sintomática, de pouco valendo o rastilho de pólvora em que se foi transformando Bruno Alves.
6. Depois dos incidentes em Alvalade, mais problemas no Algarve. E os Superdragões voltaram a dar-me razão: as claques fazem mais mal do que bem ao futebol. bprata@publico.pt