Flamengo garante campeonato 17 anos depois
Nas intermináveis bancadas do Estádio do Maracanã esteve um sósia do presidente Barack Obama – com a taça bem erguida – e mais de 84 mil adeptos com o coração aos saltos. Quem não esteve no Maracanã, sabe o que perdeu. Perdeu os golos da vitória de David e de Ronaldo Angelim (2-1). Perdeu uma festa memorável que começou com os jogadores do Flamengo a chorar copiosamente. Perdeu o instante em que o “Mengão” celebrou o título que escapava há 17 anos.
A corrida ao “minúsculo” Maracanã foi de loucos. Alguns torniquetes avariaram, alguns bilhetes foram roubados, alguns “torcedores” ficaram à porta com bilhetes falsos e outros queixavam-se à porta por não poderem entrar com bilhetes verdadeiros. Houve desmaios, tentativas de invasão e candonga – bilhetes a 300 reais (cerca de 117 euros). Aqueles que conseguiram entrar não podiam acreditar naquele golo de Róberson, jogador do Grémio, a tal equipa com papel de figurante neste filme, o adversário que supostamente aceitara colaborar. “O Grémio joga sério”, gritava-se nos microfones das rádios brasileiras.
Pouco depois, David igualou e a esperança voltou às bancadas. Mas ao intervalo o título pertencia circunstancialmente ao Internacional, que cumpria no seu duelo. Aos 69’, a explosão. O protagonista? Ronaldo Angelim, camisola número quatro. “Escanteio”, cabeceamento certeiro. “Tive a sorte de subir e de cabecear para o golo”, disse mais tarde o herói.
Maylson podia ter empatado, mas não empatou. Aos 85’, Adriano (19 golos) também desperdiçou a oportunidade de desempatar as contas com outro “artilheiro”, Diego Tardelli. Três minutos de tempo suplementar...
Três minutos depois todos choravam em campo. David, o autor do primeiro golo: “Para vocês todos!” O ponta-de-lança Adriano, que este ano rescindiu com o Inter: “Não tem explicação o que estou a sentir”. Márcio Braga, presidente do Flamengo, tentava ia respondendo aos jornalistas enquanto procurava dar uma volta de honra no “gigantesco” Maracanã. “Prefiro morrer aqui do que morrer em casa”.
Com um sorriso de orelha a orelha, Andrade procurou passar despercebido. O técnico do Flamengo acabara de entrar para a história ao tornar-se no primeiro treinador de raça negra a conquistar o Campeonato brasileiro – Andrade já havia erguido o “caneco” como jogador ao serviço do Flamengo em 1980, 1982, 1983 e 1987, isto para além do título de 1989, com o Vasco da Gama.
Batalha campalSe o Flamengo comemorou o título, o Fluminense festejou a permanência. O jogo com o Coritiba terminou com um empate e com a descida da equipa da casa que transformou o Estádio Couto Pereira num campo de batalha. Perante a descida de divisão (em ano de centenário), os adeptos do Coritiba invadiram o relvado em força, enfrentaram as forças policiais, impotentes para deter a invasão com balas de borracha e gás lacrimogéneo. Os jogadores e equipa técnica do Fluminense foram agredidos pelos adeptos que usaram tudo como armas de arremesso.
Ficha de jogoFlamengo, 2
Grémio, 1
Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro.
Assistência
84.848 espectadores
Bruno, Léo Moura, David, Ronaldo Angelim e Juan; Airton, Toró (Everton, 60’), Willians, Petkovic (Fierro, 73’); Zé Roberto (Kléberson, 82’) e Adriano.
GrémioMarcelo Grohe; Mário Fernandes, Leo, Thiego e Fábio Santos; Adilson (Mithyuê, 87’), Túlio, Maylson, Lúcio; Douglas Costa e Róberson (Bergson, 70’).
AmarelosDavid, Willians; Douglas Costa, Marcelo Grohe, Lúcio, Adílson.
Golos0-1, por Róberson, aos 21’; 1-1, por David, aos 29’; 2-1, por Ronaldo Angelim, aos 69’.