Ismail Kadaré distinguido com o Prémio Príncipe das Astúrias das Letras
Para justificar a sua escolha – Kadaré fazia parte de uma lista de candidatos onde se encontravam nomes da literatura como o italiano Antonio Tabucchi ou o britânico Ian McEwan -, o júri defendeu que o autor, que considerou “uma das maiores figuras da literatura albanesa”, enquanto escritor, ensaísta e poeta “atravessou fronteiras para se erguer numa voz universal contra o totalitarismo”.
Nascido em 1936, em Gjirokaster, Kadaré sobreviveu a uma infância marcada pela Segunda Guerra Mundial e à ocupação do seu país pela Itália fascista, a Alemanha nazi e a União Soviética. Em 1963, publica o seu primeiro romance, “O General do Exército Morto”. Mais tarde seguem-se outros trabalhos, como “O Palácio dos Sonhos” (1992), “A Pirâmide” (1994), “Abril Despedaçado” (2002), “A Filha de Agamémnon e o Sucessor” (2008) e “Três Cantos Fúnebres pelo Kosovo” (2002), todos estes publicados em Portugal pela editora Dom Quixote.
Por várias vezes candidato ao Prémio Nobel da Literatura, Kadaré, considerado uma dos grandes escritores e intelectuais europeus do século XX e uma das principais vozes albanesas contra a presença sérvia no Kosovo, viu a sua obra traduzida em mais de 40 línguas.
Este ano, o júri do Prémio Príncipe das Astúrias reconheceu também a sua obra. "Ismail Kadaré narra com uma linguagem do quotidiano, mas carregada de lirismo, a tragédia da sua terra, palco de contínuas batalhas. Dando vida aos velhos mitos com palavras novas, expressa toda a sua mágoa e a carga dramática da consciência. O seu compromisso funde-se com as raízes da grande tradição literária do mundo helénico, que se projecta no cenário contemporâneo como denúncia de qualquer forma de totalitarismo e em defesa da razão", destaca uma nota do júri.
Notícia actualizada às 12h50