Irão: Mousavi insta apoiantes a prosseguirem protestos contra a reeleição de Ahmadinejad

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Mousavi num comício de rua, numa imagem colocada dia 18 no Twitter Reuters

Ao contrário da véspera – em que os helicópteros varreram os céus de Teerão e foi amiúde ouvido o disparo de armas, depois de no sábado terem morrido umas dez pessoas nos protestos – a capital aparentava calma, de acordo com a rádio estatal. A assim ser, é a primeira noite de tranquilidade desde as eleições de 12 de Junho passado, que a oposição afirma ter sido objecto de fraudes maciças.

“Protestar contra as mentiras e a fraude é o vosso direito. E nos vossos protestos continuam e mostrar contenção. Tenho expectativas de que as forças armadas evitem cometer danos irreversíveis”, sustentou Mousavi, numa declaração publicada no seu website ainda no domingo. Apoiantes do antigo e moderado primeiro-ministro iraniano instavam hoje os manifestantes a desfilarem esta tarde nas ruas empunhando velas negras com laços verdes (verde sendo a cor de Mousavi), num gesto simbólico de “solidariedade com as famílias dos mártires mortos nos acontecimentos recentes”.

O Ministério iraniano dos Negócios Estrangeiros, de resto, voltou hoje à carga contra aquilo que o regime de Teerão classifica como uma “ingerência”, tendo o porta-voz reiterado que o Ocidente e os órgãos de comunicação social destes países estão a fomentar o clima de tensão no Irão, onde não se assistia a uma tão expressiva crise política e social desde a Revolução islâmica de 1979.

“A propagação da anarquia e do vandalismo pelas potências ocidentais e também pelos media ocidentais... isto não será tolerado”, avisou o porta-voz da diplomacia iraniana, Hassan Qashqavi, em conferência de imprensa esta manhã, depois de, na véspera, os jornalistas da BBC terem sido expulsos do país e ter sido detido o correspondente da revista "Newsweek". Qashqavi não excluiu hoje, de resto, a possibilidade de Teerão vir a decidir-se pela expulsão de embaixadores.

Mais votos que eleitores

O Conselho dos Guardiães, a quem foi dada a tarefa de examinar as queixas de irregularidades no sufrágio presidencial, reconheceu hoje que houve mais votos do que eleitores em 50 distritos do país. Mas, foi sublinhando pelo porta-voz daquele influente órgão à televisão estatal, tal não tem “influência importante” nos resultados da eleição, que deram a Ahmadinejad a vitória por 64 por cento dos votos.


A oposição denunciara a existência de um mais elevado número de boletins de voto do que eleitores em pelo menos 170 distritos, dos 366 que compõem o universo eleitoral do Irão. O candidato conservador derrotado Mohsen Rezai – que ficou em terceiro atrás de Ahmadinejad e de Mousavi – reclamara que, naqueles distritos a participação fora entre os 95 e os 140 por cento.

Os Guardiães, de resto, explicavam a excedente participação nos 50 distritos que confirmaram com o facto de “em certas cidades haver populações migrantes, turistas internos...”. No Irão, os eleitores podem votar em qualquer assembleia de voto que pretendam.

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