Austrália

Não, não é um filme de "outro tempo", até porque lhe falta a experiência do vivido nesse outro tempo (a experiência do cinema visto desse outro tempo, note-se). É um filme muito deste tempo: as personagens são hologramas, não estão habitadas, e essa coisa de fazer um épico de aventuras como já não se faz tem aqui a profundidade de um "fast forward" pelos "highlights" de "A Rainha Africana", "África Minha", "E Tudo o Vento Levou" e etc. A iconolastia de Luhrmann em "Romeu e Julieta" ou "Moulin Rouge", a "impureza" desses filmes, até nos divertiu, até nos interessou. Mas em "Austrália", após os minutos iniciais em que a irrisão parece ser a escolha (embora Nicole Kidman não consiga mais do que arfar perante a selvajaria australiana), Lurhmann toma-se a sério e esforça-se penosamente para fazer "épico", "melodrama" e "espectacular". Não lhe está no jeito, é preciso mais jeito do que jeito para a colagem, a coisa sai falsa, os movimentos de câmara são desenhados a computador, é um pedaço de pós-modernismo requentado.

Sugerir correcção
Comentar