Morreu o compositor alemão Karlheinz Stockhausen

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Karlheinz Stockhausen DR

Pedro Boléo, crítico de música do PÚBLICO, disse que Stockhausen é “sinónimo da música nova do século XX, depois de 1945", e "um dos primeiros compositores a fazer música electrónica de forma artística e a provar que é possível compô-la”.

O crítico acrescentou que foi um nome muito importante no campo da electroacústica, “onde transformou, descobriu novos sons e procurou formas muito radicais de composição” que, contudo, lhe valeram bastantes críticas.

Pedro Boléo definiu-o como uma pessoa muito “megalómana que sempre fez o culto da sua personalidade”, o que lhe permitiu ser conhecido por quase toda a gente, independentemente das opiniões que tivessem sobre o seu trabalho.

Karlheinz Stockhausen nasceu a 22 de Agosto de 1928 na cidade de Colónia, na Alemanha.

A sua vida foi muito semelhante à dos jovens alemães da sua geração, obrigados a começar tudo do zero depois da Segunda Guerra Mundial. Com a morte dos pais, viu-se obrigado a tocar em bares para estudar Música, Literatura e Filosofia na Universidade de Colónia, pedindo transferência, mais tarde, para a Universidade de Bonn, onde frequentou os cursos de Fonética e Comunicações.

Depois, de 1952 a 1953, estudou em Paris com o compositor Olivier Messiaen, professor de nomes da música nova como Pierre Boulez e Iannis Xenakis.

Nos anos sessenta Stockhausen foi decisivo para o movimento “Fluxus”, tendo como principal objectivo abolir os limites tradicionais entre arte e sociedade. O músico trabalhou por isso com outros artistas de vanguarda como Nam June Paik e Allen Ginsberg.

Karlheinz Stockhausen compôs 316 obras e publicou dez volumes dos seus “Texte zur Musik”, que reúnem esboços e explicações sobre as suas próprias obras, de acordo com uma biografia elaborada pela Gulbenkian.

As suas primeiras 36 partituras foram publicadas pela Universal Editions, em Viena, mas desde que foi fundada em 1975, a Stockhausen-Verlag tem publicado todo o seu trabalho.

Em 1991, a Stockhausen-Verlag começou também a editar CDs: a colecção Stockhausen Complete Edition, que inclui todas as partituras, livros e CDs que Stockhausen produziu, ainda segundo a Gulbenkian.

Um teatro musical com 29 horas

Em 1977, Stockhausen começou a compor a obra de teatro musical mais longa da história da música: “Licht (Luz) - Os Sete Dias da Semana”, que tem 29 horas de duração. “Quinta-Feira” dura 240 minutos, “Sábado” dura 185 minutos, “Segunda-Feira” dura 278 minutos, “Terça-Feira” dura 156 minutos, “Sexta-Feira” dura 290 minutos, “Quarta-Feira” dura 267 minutos e “Domingo” dura 298 minutos.


As composições de “Point Music”, como “Kreuzspiel”, de 1951, “Spiel” para orquestra, de 1952, e “Kontra-Punkte”, de 1952-53, deram a Stockhausen um reconhecimento internacional. Desde então, as suas obras foram consideradas extremistas por uns e admiradas por outros. O músico conseguiu integrar também “objectos musicais instituídos” como hinos nacionais ou folclore de múltiplos países.

A Gulbenkian classifica a sua música como “espiritual” é diz que “é o exemplo perfeito do compositor que participou em quase todas as estreias mundiais das suas obras e em inúmeras interpretações e gravações, enquanto maestro, intérprete, director musical, ou projeccionista de som, um pouco por todo o mundo”.

Para além de ter sido várias vezes professor convidado em estabelecimentos de ensino na Suíça, nos Estados Unidos da América, na Finlândia, na Holanda e na Dinamarca, Stockhausen foi nomeado Professor de Composição no Conservatório de Colónia em 1971.

Em 1996 foi homenageado com um doutoramento honorário pela Universidade Livre de Berlim e em 2004 recebeu outro doutoramento honorário da Queen’s University de Belfast. É membro de 12 Academias Internacionais para as Artes e Ciências.

Foi nomeado, de acordo com lista elaborada pela Gulbenkian, “Cidadão Honorário de Kürten” em 1988 e agraciado “Commandeur dans l’Ordre des Arts et des Lettres”. Eecebeu, ainda, muitos prémios "Gramophone" e, entre outras distinções, a “Medalha de Mérito Alemã de 1ª classe”, o "Prémio de Música Siemens", a "Medalha Picasso" da UNESCO, a “Ordem de Mérito da Renânia do Norte Vestefália”, oito prémios da Sociedade de Editores de Música Alemã pela publicação das suas partituras, o "Prémio Bach" de Hamburgo, o "Prémio Cultura" de Colónia, e em 2001 o "Polar Music Prize".

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