Vilar de Mouros: festival minhoto comemora 35 anos, com 35 bandas e bilhete a 35 euros
Jorge Silva, da PortoEventos, que organiza o festival com o apoio das câmaras municipais de Caminha e Vilar de Mouros, reconhece que 2005 "foi complicado, com chuva". A "transição entre Julho e Agosto [decorreu entre 28 e 31 de Julho], entre fins de férias e inícios de férias" levou a uma fraca afluência de público. Assim, os organizadores decidiram "aprender e parar para pensar", e conseguir para 2006 "um festival redobrado".
Jorge Silva não avança números do ano passado - "é para meter num vaso e deitar para trás" -, mas afirma que para este ano continuam a apostar num número de referência de 25 mil pessoas esperadas junto ao rio Coura, número este que se baseia na média de assistência das últimas edições. E como a "base de trabalho mais importante é melhorar", preferem continuar a apostar numa melhoria logística para mais espectadores do que aqueles que são esperados.
Mas continua a fazer sentido o Festival de Vilar de Mouros? Jorge Silva admite que há que "repensar a dinâmica", mas que se mantém o princípio de base que levou ao primeiro encontro de tribos à volta da música moderna em 1971. "Portugal está complicado, não há dinheiro, estamos stressados, logo faz tanto sentido agora como há 35 anos, para esquecer o que se passa". O festival tem, acrescenta, "o valor acrescentado do passado e da memória", que passa também por uma necessidade de "sair da urbe", por oposição a festivais urbanos como, por exemplo, o Rock in Rio.
Encontro de geraçõesO Festival Vilar de Mouros 2006, que conta com um orçamento de "entre 900 mil e 1 milhão de euros", tem como linha de força da programação musical o "possibilitar o encontro de gerações", fazer a "comemoração e a ligação" com os festivais de 71 e 82, "juntar pais e filhos". O bilhete é acessível, e volta ao número mágico, 35 euros. O cartaz conta 35 (de novo) nomes, distribuídos por três palcos. No Palco Vilar de Mouros, o principal, tocam Sepultura, Xutos e Pontapés, Iggy Pop, Tricky, Cradle of Filth, Moonspell e Soulfly. No Palco Origens, Mojave 3, os portugueses Vicious Five ou Dead Combo. Na tenda, há espaço para o reggae, com Kussondulola ou Youth Culture.
A escolha dos artistas foi limitada pelo orçamento, ou seja, são artistas que vêm pelo mérito mas que não têm grande exigências técnicas ou de comodidade. Nas palavras de Jorge Silva, "nada de banheiras de hidromassagem e viagens de avião em classe executiva".
Quanto a infra-estruturas, têm continuado a ser construídas pela organização e as autarquias envolvidas. O responsável da PortoEventos refere as acessibilidades viárias, "agora há auto-estrada quase até à porta, não há stress de filas", e "muitos estacionamentos junto ao recinto". Há uma aposta na alimentação e nas esplanadas, onde se possa usufruir de música ao longo de toda a noite. "Há sempre [música] entre as 17h e as 6 da manhã", pois após terminar o Palco Vilar de Mouros os outros continuam, com os sons mais alternativos e dançáveis, e com projecção de filmes.
Destacando a actuação dos Táxi - reunião dos quatro elementos da formação original de um dos grupos fortes do boom do rock português -, e adiantando uma antevisão das condições meteorológicas (sol e calor, nada da chuva que na terça-feira "serviu para assentar a poeira e melhorar a relva"), Jorge Silva termina: "Prepara-se [em Vilar de Mouros] um grande fim-de-semana."