Morreu o actor Henrique Canto e Castro

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O último papel de Canto e Castro em palco foi o de senador Hedges na peça "Rainha do Ferro Velho", em cena no Teatro Politeama, em Lisboa.

O actor Ruy de Carvalho disse à rádio TSF que Canto e Castro "era um actor excepcional" e que recebeu a notícia com dor: "É um grande desgosto".

Para Ruy de Carvalho, a morte de Henrique Canto e Castro "é mais uma grande perda para o teatro português".

O realizador João Mário Grilo destaca a importância de "um actor artesanal" como Canto e Castro, que classifica como "insubstituível".O realizador disse que Canto e Castro "pertencia a uma linhagem de actores de teatro e cinema em que não há ninguém que lhe ocupe o lugar" e frisou que "todo o seu trabalho foi sempre marcado pela sua própria personalidade".

Também o encenador Carlos Avillez, com quem Canto e Castro trabalhou inúmeras vezes, se confessou "profundamente emocionado" com a notícia da morte de um amigo. "Era um actor extraordinário", "um homem de uma sensibilidade e humanidade" únicas, explicou o encenador.

O actor nasceu em Lisboa no dia 24 de Abril de 1930 e aos 12 anos de idade já trabalhava na Emissora Nacional e aos 17 concluiu o curso de teatro do Conservatório Nacional com 18 valores.

Estreou-se no teatro com os Comediantes de Lisboa, em 1946, com a peça "A Lição do Tempo", sob a direcção artística de Francisco Ribeiro (Ribeirinho). Canto e Castro contracenou com personalidades como António Silva, João Villaret, Laura Alves, Ribeirinho, Alves da Cunha, Eunice Muñoz, Cármen Dolores, Fernanda Montemor, Irene Cruz ou Maria Barroso.

O actor passou pelo Teatro Nacional Popular, Teatro Apolo, Teatro Ginásio, Grupo de Campolide, Teatro Nacional D. Maria, Teatro da Trindade, Teatro Aberto e Teatro de Almada.

No Teatro Aberto, onde nos últimos anos subiu mais vezes ao palco, integrou o elenco das peças "O Tempo e o Quarto", "A Rapariga de Varsóvia", "A Dama do Maxim's", e "O Bobo e a sua mulher esta noite na Pancomédia".

Na televisão Canto e Castro chegou ao grande público na década de 1980 através de séries como Duarte e Companhia, ou de produções mais recentes como Residencial Tejo, em exibição na SIC Comédia, e João Semana, da RTP. A sua voz era uma constante nas dobragens para séries de animação. Em telenovelas, participou em Desencontros, de Francisco Moita Flores, Anjo Selvagem e Mistura Fina, em exibição na TVI.

Além do teatro e da televisão, a carreira de Henrique Canto e Castro passou também pelo cinema, como é o caso da sua interpretação no filme de João César Monteiro "O Último Mergulho (A Água)"; "Longe da Vista", de João Mário Grilo; "Tráfico", de João Botelho; "Cinco Dias Cinco Noites", de José Fonseca e Costa; "Manhã Submersa", de Lauro António; "Capitães de Abril", de Maria de Medeiros; e "A Costa dos Murmúrios" de Margarida Cardoso, entre outros.

O corpo do actor Henrique Canto e Castro estará em câmara ardente na Basílica da Estrela, em Lisboa, a partir das 18h30, segundo fonte próxima da família. O funeral realiza-se amanhã, às 17h00, em direcção ao Cemitério do Alto de São João.