Ponte de Lima: surto infeccioso causado por combinação de febre da carraça e leptospirose

Foto
A leptospirose é causada pela urina dos ratos DR

As infecções ocorreram entre 24 de Agosto e 14 de Setembro, provocando a morte de duas mulheres da freguesia de Seara e o internamento de outras cinco pessoas. A 25 de Setembro, a DGS anunciava que o surto infeccioso fora provocado pela febre da carraça, uma doença que aparece com mais frequência durante os meses quentes e em zonas rurais, e que é provocada pela picada de carraças infectadas pela "Rickettsia conorii".

Hoje, a DGS emitiu um novo comunicado a afirmar que a situação no concelho de Ponte de Lima "resultou da conjugação de duas doenças distintas, mas coincidentes no tempo": a febre da carraça e a leptospirose. A informação de hoje resulta dos resultados dos testes laboratoriais de diagnóstico, entretanto realizados, e que necessitaram de "um período de tempo suficiente para a sua formação e consequente detecção".

Um dos casos mortais resultou de infecção por leptospira. A etiologia da outra morte não foi passível de esclarecimento por inexistência de produtos biológicos. Aos outros cinco doentes, que tiveram evolução benigna, foram diagnosticados quatro casos de febre da carraça e três de leptospirse - isto porque quatro doentes apresentam uma infecção por febre da carraça laboratorialmente confirmada, dois dos quais com resultados laboratoriais suspeitos de co-infecção por leptospira.

O quinto doente tem diagnóstico confirmado laboratorialmente de infecção por leptospira.

A leptospirose é uma doença infecciosa aguda causada pela bactéria "Leptospira interrogans", que se transmite pela urina de ratos. Os surtos ocorrem, principalmente, na época de enchentes, quando a bactéria penetra no organismo através de pequenos ferimentos ou pelas mucosas do nariz ou da boca, provocando insuficiência renal e hepática.

A actuação da DGS neste surto foi duramente criticada pelo autarca de Ponte de Lima, Daniel Campelo, que questionou a lentidão e falta de apoio à população por parte da agência governamental. O director-geral de Saúde, Pereira Miguel, anunciou entretanto uma investigação para apurar eventuais responsabilidades.