Funeral de Maria de Lourdes Pintasilgo realiza-se hoje no cemitério dos Prazeres
Antes do cortejo fúnebre, será realizada uma missa de corpo presente, na Basílica da Estrela.
Maria Lourdes Pintasilgo morreu ontem de madrugada em casa, por volta das 02h30, vítima de ataque cardíaco.
Os partidos e dirigentes políticos portugueses uniram-se, nesse mesmo dia, em manifestações de pesar pela sua morte súbita.
Numa nota emitida pelo Presidente da República, Jorge Sampaio manifestou pesar e tristeza pela morte da única ex-primeira ministra de Portugal, de quem era "velho amigo e admirador". "Perdemos assim uma cidadã notável, que serviu Portugal nos mais altos cargos e funções, sempre com grande talento, dedicação inexcedível e numa atitude permanentemente inovadora", declarou o chefe de Estado.
A "energia contagiante" e a "originalidade" das propostas de Maria de Lourdes Pintasilgo foram também sublinhadas pelo Presidente.
Jorge Sampaio reuniu-se na passada semana com a antiga primeira-ministra, na sequência de audiências com personalidades portuguesas sobre a solução política a adoptar após a demissão do primeiro-ministro, Durão Barroso.
Também o primeiro-ministro demissionário, e presidente indigitado da Comissão Europeia, lamentou a morte da ex-chefe de Governo, considerando que Portugal deve a Pintasilgo "o maior tributo" por ter dado "o seu melhor" ao serviço do país.
Durão Barroso recordou que, em Abril passado, durante as comemorações do 30º aniversário da Revolução dos Cravos, reuniu em São Bento os ex-primeiros-ministros do pós-revolução, tendo ficado "impressionado" com Maria de Lourdes Pintasilgo.
"Fiquei impressionado com a sua alegria e com o modo, tão sincero, como gostou de evocar os seus tempos activos na política", disse.
Os elogios a Maria de Lourdes Pintasilgo marcaram também a declaração de pesar do líder do PSD e futuro primeiro-ministro, Pedro Santana Lopes, que considerou ter morrido "uma grande senhora".
Santana Lopes, o primeiro a reagir à morte da ex-chefe de Governo, e que esta manhã se deslocou à Basílica da Estrela para lhe prestar homenagem, sublinhou que Maria de Lourdes Pintasilgo "esteve sempre com elegância" ao longo da sua vida pública e que o "respeito pelos adversários" era a sua imagem de marca.
A luta de Maria de Lourdes Pintasilgo em defesa dos mais desfavorecidos foi o aspecto realçado pelo secretário-geral demissionário do PS, Ferro Rodrigues, que também se referiu à ex- primeira-ministra como "uma grande senhora".
"Morreu uma grande portuguesa. Lamento muito", declarou Ferro Rodrigues.
Também o secretário-geral do PCP, Carlos Carvalhas, teceu elogios à ex-chefe de Governo, recordando "a amiga" com quem esteve nos governos provisórios e "em muitos acontecimentos" da vida política e colectiva.
"Portugal perdeu uma mulher combativa, uma democrata e uma lutadora", sublinhou Carlos Carvalhas.
O CDS-PP destacou o papel de Maria de Lourdes Pintasilgo nos movimentos católicos portugueses, salientando que a ex-primeira-ministra publicou várias obras sobre o papel da Igreja na sociedade e criou o movimento cristão Graal em Portugal.
"Independentemente das diferenças ideológicas, o CDS-PP mostra o seu maior respeito pela convicção com que Maria de Lourdes Pintasilgo dirigiu toda a sua vida, e no serviço que colocou à causa pública", acrescentou o secretário-geral do partido, Luís Pedro Mota Soares.
O dirigente do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, recebeu também a notícia da morte de ex-primeira-ministra com "muito pesar e desgosto", tendo destacado "a generosidade" de Maria de Lourdes Pintasilgo.
"A sua generosidade tem de ser uma marca na política portuguesa", frisou Francisco Louçã, recordando a presença da ex-primeira-ministra na campanha eleitoral do Bloco de Esquerda, na qual Louçã foi eleito, pela primeira vez, deputado à Assembleia da República.