Talvez porque a sua actividade de cineasta, de crítico e jornalista tenha sido acompanhada sempre pelo contacto directo com algumas das "lendas vivas", Bogdanovich desenvolveu um afecto pelos fantasmas de Hollywood que nunca é embasbacado. A forma como em "O Miar do Gato" olha para o "caso" William Randolph Hearst/Marion Davies/Charlie Chaplin/Thomas Ince - o primeiro terá assassinado o último, por engano, julgando ter apanhado os do meio em flagrante - é um exemplo dessa atitude: como acontecia numa anterior evocação dos anos dourados, "Nickleodeon", o realizador filma um grupo de crianças num enorme "jardim infantil", simultaneamente ligeiras e trágicas, alheias ao seu mito e obrigadas a vergarem-se perante ele (há um movimento subtil do filme de puxar as personagens para baixo; a cena decisiva passa-se já no "ventre" do barco que leva as estrelas a bordo). A ausência de Bogdanovich do cinema é tanto mais de lamentar quanto se notam neste filme alguns dos automatismos que lhe ficaram de anos e anos a sobreviver na televisão.
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