Cronenberg talvez estivesse a precisar de um filme assim, discreto e silencioso, depois dos caminhos ("Crash" ou "Existenz") que percorreu nos títulos anteriores. "Spider" tem tudo para desconcertar o mais ferrenho dos seus adeptos, mas nem por isso deixa de representar uma visão coerentemente cronenberguiana das coisas: somos todos prisioneiros de nós próprios, das nossas vidas e, sobretudo, das nossas memórias, e é a partir dessa teia que a realidade se fabrica. Todas as imagens são mentais, e todas as imagens são virtuais. "Spider" é um filme sem certezas nenhumas, sem verdadeiramente distinguir o visto do meramente imaginado. Que não haja distinção fundamental entre as duas coisas, eis o que Cronenberg nunca deixou de dizer nem de filmar. E "chapeau" para Ralph Fiennes, um dos maiores actores da sua geração (e aparentemente, também, o mentor do projecto).
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