Não é um filme sobre as cinco irmãs Lisbon que se suicidaram; é um filme sobre os que ficaram vivos depois da catástrofe e não conseguem fazer outra coisa a não ser transformá-las em mito. E é aí que a realização de Sofia Coppola é serenamente imponente - e arriscada. Veda-nos o acesso às irmãs, que são apenas simulacros de um anúncio de "shampoo" (ou qualquer coisa próxima das Centerfold da Playboy, com brilhos "kitsch" e cabelos ao vento), e apenas nos dá delas o suficiente para provarmos a promiscuidade secreta das suas vidas, e ficarmos com a amargura na boca - e fazermos coro com a "voz off" de perda. É a descoberta de uma cineasta através de um filme viciante (e vicioso). A música dos Air não é, propriamente, a banda sonora de "As Virgens Suicidas". Como tudo o que existe de tão umbilical neste filme, as imagens são emanação da própria música. Como ela, elevam-se para se desfazerem logo de seguida, incapazes de materialização.
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