Morreu Jason Epstein, editor e co-fundador da New York Review Of Books
Editor, autor, divulgador, co-fundador da influente revista e impulsionador dos livros de bolso, o americano morreu esta sexta-feira. Tinha 93 anos,
Jason Epstein, editor, autor, divulgador e co-fundador da influente publicação New York Review Of Books, morreu esta sexta-feira, aos 93 anos, em casa, em Long Island, no estado de Nova Iorque.
Jason Epstein poderia ser descrito como um homem das letras com muito talento para o comércio, ou como um homem de negócios com gosto por boa literatura. Era então um dos principais editores de uma das mais conhecidas editoras de língua inglesa, a Random House, onde norteou e ajudou a moldar o trabalho de escritores como Philip Roth, Norman Mailer ou Gore Vidal, quando teve uma ideia, suscitada pelo longo blackout noticioso provocado por uma greve que fechou o New York Times Book Review em 1963: lançar uma publicação independente inteiramente dedicada ao mundo dos livros.
E foi assim que, na companhia da mulher, Barbara Epstein, e do poeta Robert Lowell, convenceu alguns amigos endinheirados a investirem no projecto. Jason Epstein e o editor Robert B. Silvers eram os co-editores, tendo a crítica literária Elizabeth Hardwick assumido a função de consultora editorial. Nascia a New York Review Of Books, cujo primeiro número data de Fevereiro de 1963. Tinha textos de Elizabeth Hardwick, W.H. Auden, Robert Penn Warren, Norman Mailer ou Gore Vidal
A revista, publicada duas vezes por mês, foi um sucesso imediato, em parte graças à visão de Epstein de enviar exemplares gratuitos para livrarias universitárias de todo o país. Ainda hoje a revista subsiste, com periodicidade quinzenal, publicando ensaios, textos longos ou poesia, e com a colaboração regular de escritores conhecidos.
Uma década antes, era Epstein um estagiário na Doubleday & Company, tivera uma outra ideia: e se os clássicos caros, de capa dura, fossem oferecidos em brochuras de baixo custo? A população universitária em expansão nos Estados Unidos do pós-guerra poderia vir a ser um mercado lucrativo, pensou. Estava lançada a revolução paperback (livros de bolso).
Era o início da Anchor Books, a primeira editora a dedicar-se exclusivamente ao formato. Epstein, então com 25 anos, começou de imediato a publicar títulos de D.H. Lawrence, Edmund Wilson ou Stendhal, com enorme sucesso. A sua amizade com o crítico Edmund Wilson haveria de dar origem a outra inovação editorial. Wilson sugeriu que o público talvez gostasse de uma edição padronizada da grande literatura americana, tendo surgido a partir daí a colecção Library of America, publicada pela primeira vez em 1982, com volumes encadernados e elegantes sobrecapas, de obras de Herman Melville, Mark Twain ou Henry James.
Mas Epstein não ficou conhecido apenas pelas suas aventuras editoriais, tendo lançado também os seus próprios livros, como The Great Conspiracy Trial (1970), Book Business (2001) ou Eating: A Memoir (2009), baseado numa coluna de culinária que escreveu para o New York Times no início dos anos 2000.
Oficialmente aposentou-se em 1999, mas continuou a editar até aos 80 anos. Apesar do apurado faro comercial, olhava para a edição literária como mais do que um negócio. Publicar, disse uma vez, era mais comparável ao que padres, professores e alguns médicos fazem do que ao trabalho de advogados, empresários ou correctores de Wall Street. “Sem livros não saberíamos quem somos”, dizia.