EUA pedem extradição de Manuel Chang, ex-ministro das Finanças de Moçambique
Manuel Chang é acusado de lavagem de dinheiro e fraude fiscal. Jornal moçambicano diz que este é "o início da revelação de vários casos de grande corrupção e branqueamento de dinheiro envolvendo as elites políticas".
O antigo ministro das Finanças moçambicano Manuel Chang foi detido no sábado, na África do Sul, e os Estados Unidos, onde é acusado de lavagem de dinheiro e fraude financeira, pediram a sua extradição. Se for julgado, pode ser condenado uma pena cumulativa de 45 anos de prisão.
A prisão foi confirmada à Lusa neste domingo pela embaixada de Moçambique em Pretória. Porém, ao início da noite, circulava a notícia de que teria sido libertado por ordem de um juiz de Pretória.
Manuel Chang foi detido ao abrigo de um mandado de captura internacional emitido pelos Estados Unidos a 27 de Dezembro, sob acusações de fraude e lavagem de dinheiro, especificou fonte da embaixada sul-africana citada pelo canal privado de televisão de Moçambique STV.
De acordo com o jornal electrónico Carta de Moçambique, os americanos já pediram a extradição do antigo ministro moçambicano e actual deputado na Assembleia da República pela Frelimo, o partido no poder.
Manuel Chang foi ministro das Finanças de Moçambique no Governo de Armando Guebuza, entre 2005 e 2010. É um dos envolvidos nas chamadas dívidas ocultas, contraídas indevidamente no período de Gebuza – serão 1,35 mil milhões de euros, tendo parte dele sido usado para a compra de equipamento militar, segundo explica a edição em português da Deutsche Welle. As acusações de que é alvo nos EUA não estão relacionadas com estas contas.
Contactado pela Lusa, o porta-voz da Polícia da República de Moçambique, Inácio Dina, disse que a corporação ainda não recebeu uma informação oficial sobre o caso.
O Carta de Moçambique diz que há outros moçambicanos "sob a mira do FBI", a polícia federal dos EUA. "Chang e outras figuras de revelo, cujos nomes ainda não podemos relevar, são indicados como estando ligados a uma pequena entidade financeira operando em Maputo (que também ainda não podemos revelar), através da qual faziam operações fraudulentas", escreve o jornal.
Uma fonte identificada como jurista disse ao Carta de Moçambique que a prisão de Manuel Chang é "o inicio da revelação de vários casos de grande corrupção e branqueamento de dinheiro em Moçambique, envolvendo as elites políticas locais".