Greve fechou escolas, serviços de saúde, autarquias e deixou lixo na rua

Sindicalistas afirmam que a greve de sexta-feira foi a maior na Função Pública desde a troika.

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LUSA/MÁRIO CRUZ

Os funcionários públicos cumpriram nesta sexta-feira uma greve nacional que levou ao encerramento de escolas, serviços de saúde, autarquias, tribunais e finanças e deixou o lixo por recolher em muitas localidades, esperando que o Governo responda agora às suas reivindicações.

"Os trabalhadores da Administração Pública Central, Regional e Local, enviaram ao Governo um sinal forte e consistente de que estão unidos na luta pela valorização e respeito das suas carreiras e salários através de uma forte participação na greve de hoje", disse à agência Lusa o secretário-geral da Federação Sindical da Administração Pública (FESAP), José Abraão.

Segundo o sindicalista, esta foi a maior greve na Função Pública desde o período de intervenção da troika, com adesões médias entre os 80 e 90 % na saúde e na educação e de 100% em muitas autarquias e tribunais.

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"Os trabalhadores sacrificaram-se para fazer esta greve, perderam um dia de salário que lhes faz falta, para mostrar ao Governo que não aceitam continuar com os salários congelados nem aceitam receber o que lhe é devido pela progressão na carreira em prestações que nem dão por elas", disse.

A coordenadora da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública, Ana Avoila, também considerou que esta foi "uma das maiores greves dos últimos anos", com uma adesão média global de cerca 85%.

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Aviso de greve colocado à porta do liceu Passos Manuel, em Lisboa Lusa

A sindicalista salientou à Lusa "o forte impacto da greve" nos setores da saúde e educação, como é habitual, mas também nas autarquias, museus, justiça, finanças e conservatórias, com o encerramento de muitas delas.

Segundo a sindicalista, o descontentamento dos trabalhadores tem vindo a crescer desde que viram que o Orçamento do Estado para 2019 (OE2019) "não lhes assegurava o descongelamento dos salários nem sequer despenalizava as reformas antecipadas com 40 anos de descontos".

"Foi uma grande desilusão que os levou a tomar esta posição, esperemos que o Governo perceba e marque uma reunião para apresentar uma proposta", disse Ana Avoila.

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A coordenadora da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública, Ana Avoila, considerou a greve desta sexta-feira como "uma das maiores" dos últimos anos MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

A presidente do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE), Maria Helena Rodrigues, lembrou que o seu sindicato não fazia uma greve desde 2013 e salientou "a grande adesão dos técnicos superiores", na justiça, finanças e impostos, entre outros setores.

"Agora o governo tem que marcar uma nova reunião negocial e dar um sinal muito claro aos trabalhadores porque eles não aceitam continuar a empobrecer", disse.

Inicialmente a greve foi convocada pela Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública (CGTP) para pressionar o Governo a incluir no OE2019 a verba necessária para aumentar os trabalhadores da função pública, cujos salários estão congelados desde 2009.

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O secretário-geral da CGTP-IN, Arménio Carlos (ao centro), ladeado pela coordenadora da Frente Comum, Ana Vaoila, em declarações aos jornalistas MÁRIO CRUZ/LUSA

Mas, após a última ronda negocial no Ministério das Finanças, em 12 de Outubro, a Federação de Sindicatos da Administração Pública (FESAP) e o Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE), ambos filiados na UGT, anunciaram que também iriam emitir pré-avisos de greve para o mesmo dia, tendo em conta a falta de propostas do Governo.

Os sindicatos da Função Pública e os seus representados ficaram desiludidos com o anúncio, pelo ministro das Finanças, de que o OE2019 tem uma margem de 50 milhões de euros para o crescimento dos salários.

Embora defendam aumentos salariais diferentes, entre os 3% e os 4%, as três estruturas sindicais estão de acordo na maior parte das reivindicações, querem que o descongelamento de carreiras deixe de ser faseado, que o subsídio de refeição seja aumentado e pretendem a reposição de direitos, como os 25 dias úteis de férias.

A Frente Comum reivindica aumentos de 4% e um aumento mínimo de 60 euros, para quem ganhe até 1500 euros.

A FESAP reivindica 3,5% de aumento e o STE reivindica 3%.