Cinanima 2018 vai homenagear a Sérvia e mostrar animação no feminino
Festival em Espinho decorre de 12 a 18 de Novembro e vai abrir com um filme sobre a guerra civil de Angola.
A 42.ª edição do Cinanima - Festival Internacional de Cinema de Animação de Espinho vai realizar-se de 12 a 18 de Novembro com um cartaz que inclui 375 filmes de 43 países, uma mostra dedicada ao realizador sérvio Nikola Madjak (1927-2013) e outra sobre animação no feminino.
Ocupando diferentes salas de Espinho, o festival terá em competição 103 obras, sendo que o vencedor da categoria de curtas-metragens será automaticamente seleccionado para a lista prévia dos candidatos às nomeações para o Óscar de melhor curta-metragem de animação
O arranque do festival vai fazer-se com a homenagem a Nikola Madjak, que a organização do Cinanima apresenta, no comunicado divulgado esta terça-feira, como “o pai do cinema de animação na Sérvia” pela autoria dos “primeiros filmes animados realizados em Belgrado”. Em Espinho, a retrospectiva que lhe é dedicada irá recuperar os títulos Time of Vampires (1971) e Encyclopedia of a Hangman (1974).
Já no que se refere ao cinema realizado por mulheres, o Cinanima 2018 propõe uma mostra com curadoria de Regina Pessoa, que é autora de “vários filmes multipremiados internacionalmente” e em 2006 venceu, com História Trágica com Final Feliz, o prémio de melhor curta-metragem do Festival de Annecy, em França, “conhecido como ‘o Cannes da animação’”.
As duas sessões sobre Animação no Feminino incluirão obras especificamente seleccionadas para o efeito pela cineasta portuguesa, que este ano foi convidada a integrar a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos da América, “o que lhe confere poder de voto na escolha dos premiados com Óscares”.
Outros realizadores em destaque na 42.ª edição do Cinanima serão o espanhol Raul de la Fuente e o polaco Damian Nenow, autores do filme Mais um Dia de Vida (2018), que “evoca o trabalho do lendário escritor e jornalista polaco Ryszard Kapuscinski [1932-2007] sobre três meses de Guerra Civil em Angola, em 1975”.
Caberá a este filme a abertura oficial do festival, na noite de 12 de Novembro, no Centro Multimeios (22h00).
Apontado pela produtora e distribuidora Midas Filmes como “um dos grandes – senão o maior – repórter de guerra do século XX”, Kapuscinski acompanhou o conflito em Angola em 1975 e publicou depois as suas memórias sobre os últimos três meses de presença portuguesa no país. São essas recordações, tal como relatadas no seu livro de 1976, que agora servem de argumento ao filme de La Fuente e Nenow.
Quanto à cinematografia nacional, o festival de Espinho conta este ano com seis produções na competição internacional de curtas: 28 Outubro, de Tiago Albuquerque; Razão Entre Dois Volumes, da premiada ilustradora Catarina Sobral; Ride, uma co-produção luso-britânica assinada por Paul Bush; Agouro, outra co-produção entre Portugal e França dirigida por David Doutel e Vasco Sá; 4 Estados da Matéria, de Miguel Pires de Matos; e Entre Sombras, de Mónica Santos e Alice Guimarães, vencedoras do prémio Especial do Júri no Festival de Animação de Hiroshima, no Japão.
Paralelamente aos filmes, o 42.º Cinanima também propõe workshops, exposições, sessões de perguntas e respostas, e ainda masterclasses gratuitas como a dirigida pela realizadora inglesa Vera Neubauer, autora de mais de 30 filmes e vencedora de dois prémios BAFTA da Academia Britânica de Artes do Cinema e Televisão.