União Europeia pede inquérito à morte de jornalista búlgara
A jornalista de 30 anos estava a investigar um caso de corrupção e mau uso de financiamentos europeus. Foi violada, agredida e sufocada até à morte.
Os líderes da União Europeia pediram esta segunda-feira à Bulgária para avançar com uma investigação ao homicídio da jornalista Viktoria Marinova, que foi encontrada morta no sábado num parque perto do rio Danúbio, em Ruse.
Viktoria Marinova, de 30 anos, estava a investigar um caso de corrupção relacionado com fundos financeiros da União Europeia. Foi violada, agredida e estrangulada.
O ministro da Administração Interna búlgaro, Mladen Marinov, afirma que não existem indicações de que o homicídio da jornalista tenha sido motivado pelo seu trabalho. Mas Marinova integrava uma equipa de investigação que iria revelar em breve mais informações. Bruxelas sublinhou o trabalho da jornalista, sugerindo que os criminosos teriam como motivação silenciá-la.
Investigação urgente
“Chocado pelo horrível homicídio de Viktoria Marinova. Uma jornalista corajosa no combate pela verdade e contra a corrupção que desapareceu”, escreveu o vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans. “Os responsáveis pela sua morte devem responder à Justiça imediatamente”.
Também os deputados do Partido Verde Europeu pediram às autoridades que sejam “sérias na sua protecção aos jornalistas, que são um dos pilares da democracia”.
A organização Repórteres Sem Fronteiras defendeu que os jornalistas do canal de televisão onde Marinova trabalhava, a estação TVN, deviam ter protecção policial durante as suas investigações.
Marinova é a terceira jornalista na União Europeia a ser morta nos últimos 12 meses.
Em Outubro de 2017, Daphne Caruana Galizia, jornalista de Malta, de 53 anos, foi morta com uma bomba no seu carro. Em Fevereiro, Ján Kuciak, jornalista de 27 anos eslovaco, foi morto a tiro. As autoridades acreditam que foi assassinado devido à investigação que fazia a um caso de corrupção política com ligações ao crime organizado italiano.
Bulgária entre os países com menos liberdade de imprensa
Segundo o índex de liberdade de imprensa mais recente, a Bulgária está em 111.º lugar num total de 180 países, o pior de todos os países da União Europeia e ainda abaixo de outros países dos Balcãs, alguns deles candidatos a integrarem a União Europeia.
Em Outubro do ano passado, centenas de jornalistas búlgaros manifestaram-se na capital do país contra as ameaças do vice-primeiro-ministro, Valeri Simeonov, que acusa os jornalistas de lançarem “uma campanha massiva de difamação” contra ele.